Os executivos brasileiros continuam os mais pessimistas do mundo em relação ao desempenho da economia. Segundo a pesquisa Panorama Global de Negócios, o índice de otimismo dos diretores financeiros (CFOs, na sigla em inglês) das empresas brasileiras está, numa escala de zero a cem, em 46,9 pontos – o menor da série histórica e o mais baixo entre as economias. É a sexta queda trimestral consecutiva do indicador, apurado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Duke University e CFO Magazine.
Entre as principais preocupações dos empresários estão incerteza econômica, inflação e políticas governamentais. Tradicionalmente, as queixas eram mais relacionadas a taxas de impostos, demanda e pressão dos competidores e condições de crédito. A mudança, aponta o estudo, reitera o aumento do pessimismo e a incerteza em relação ao rumo da política econômica para amenizar o quadro.
“O pessimismo se deve a essa perspectiva muito baixa de crescimento. Já antecipávamos isso no ano passado, e os indicadores confirmaram essa tendência”, diz Antonio Gledson de Carvalho, professor de finanças da FGV e codiretor da pesquisa. O estudo também teve participação do professor de economia da FGV Klenio Barbosa.
A apatia do empresariado, aponta Carvalho, vem de um cenário pouco animador para um eventual reaquecimento da economia. No segundo trimestre, o PIB recuou 0,6%. A perspectiva de crescimento para o ano também é baixa: segundo a última pesquisa Focus, do Banco Central, o mercado prevê uma alta de apenas 0,48% para a economia. “Acredito estarmos em um momento em que pensamos se chegamos ao fundo do poço ou se temos perspectivas de melhoria no próximo trimestre – e essa melhoria pode não chegar”, diz o professor.