O Exército do Iraque não está preparado para acompanhar os ataques aéreos dos EUA no combate ao grupo Estado Islâmico. Segundo o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas norte-americanas, Martin Dempsey, cerca de metade das forças militares do país é incapaz de manter uma parceria eficaz com a ofensiva americana e a outra metade precisa ser parcialmente reconstruída e necessita de treinamento e equipamento adicionais para conseguir entrar em combate.
Dempsey afirmou que equipes militares dos EUA passaram boa parte no verão no Iraque, para conhecer os pontos fracos e fortes das forças de segurança do país. Segundo a análise, apenas 26 das 50 brigadas armadas são capazes de combater o Estado Islâmico em parceria com os EUA. O comandante disse que estas equipes são bem lideradas e bem equipadas. “Estas forças parecem ter um instinto nacional, ao invés de um instinto sectário”, afirmou.
As diferenças religiosas têm sido o maior problema para as forças de segurança do Iraque e são, em parte, reflexo do ressentimento dos xiitas em relação a repressão sofrida durante o governo de Saddam Hussein. Posteriormente, com a chegada dos xiitas ao governo após a ocupação norte-americana, houve represália contra os sunitas. Para Dempsey, não importa o quanto os EUA contribuam para combater o Estado Islâmico, a solução deve vir do governo iraquiano que terá de ser capaz de convencer as populações sunitas e curdas a lutar ao lado dos xiitas pelo futuro do país.
“Provavelmente vamos discutir com o novo governo iraquiano se precisamos que o Parlamento do país aprove a presença de tropas americanas para treinamento”, disse o oficial. Dempsey não forneceu detalhes sobre a extensão do programa, mas garantiu que ele será limitado e espera o apoio do governo do Iraque.
O reforço das forças de segurança iraquianas é um dos elementos do plano sobre o qual o presidente Barack Obama deve ser informado nesta quarta-feira, em encontro com o general Lloyd Austin, chefe do Comando Central dos EUA e gerente das operações militares norte-americanas no Oriente Médio. Quando aprovado por Obama, uma parte do plano deverá ser adaptada seguindo as exigências do governo iraquiano, afirmou Dempsey. “Vamos treinar em locações protegidas para permitir que as tropas iraquianas utilizem as capacidades do Exército dos EUA – como a inteligência, poder aéreo e assessoria – para lutar da maneira necessária para expulsar os militantes do Estado Islâmico do território iraquiano”, disse o chefe do Estado-Maior à imprensa em Paris, onde se encontra com autoridades francesas para discutir a ação militar no Iraque e na Síria. Fonte: Associated Press.