Com a deterioração das expectativas de inflação no horizonte relevante do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) e as dúvidas sobre o BC no governo Lula, o mercado financeiro continuou a projetar uma trajetória mais restritiva para a taxa Selic. No Boletim Focus do BC, a mediana para o fim de 2023 continuou em 12,50% ao ano, mas, para o término 2024, a projeção avançou de 9,25% para 9,50%. Há quatro semanas, as estimativas eram de 12,00% e 9,00%, nessa ordem.
Considerando apenas as 79 respostas dos últimos cinco dias úteis, a mediana para o fim de 2023 permaneceu em 12,50%. Para o fim de 2024, variou de 9,25% para 9,38%, com 78 atualizações na última semana.
Para o fim de 2025, conforme o Boletim Focus, a mediana para a Selic também subiu, de 8,25% para 8,50%, contra 8,00% de quatro semanas antes. O boletim ainda trouxe a projeção para a Selic no fim de 2026, que avançou de 8,00% para 8,25%, de 8,00% há um mês.
No Comitê de Política Monetária (Copom) de dezembro, o BC manteve pela terceira reunião consecutiva a taxa Selic em 13,75% ao ano. A autoridade monetária também reforçou o alerta fiscal, citando que há "elevada" incerteza sobre o futuro do arcabouço para as contas públicas.
Na semana passada, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, contemporizou as críticas do presidente Lula à autonomia do órgão, dizendo que "em muitas entrevistas as coisas são tiradas de contexto", mas defendeu a autonomia como redutor da volatilidade dos mercados.