Os bancos voltaram a reduzir a projeção para o crescimento do crédito no País neste ano em relação a 2022. A projeção do sistema financeiro passou de alta de 7,8% para alta de 7,6%, de acordo com a rodada de agosto da Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
"Apesar da revisão baixista, vale notar que a expansão esperada para esta carteira ainda é elevada, próxima a dois dígitos, beneficiada pelo novo Plano Safra, programas públicos de crédito e alguma retomada das operações do BNDES", afirma em nota o diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban, Rubens Sardenberg.
A revisão para baixo foi causada principalmente pelas operações para empresas, tanto no crédito livre quanto no direcionado. No primeiro caso, a projeção caiu de 2,4% na pesquisa de junho para 1,7%. No segundo, foi de 7,7% para 7,2% entre a pesquisa anterior e a atual.
No caso do crédito livre, a entidade atribui a baixa ao desempenho fraco visto até aqui ao longo do ano, fruto da maior percepção de risco e também dos juros altos. O crédito livre para empresas engloba as linhas de crédito mais impactadas no começo do ano pelo efeito do caso Americanas, como as de descontos de recebíveis.
Por outro lado, houve alta na projeção para o crescimento da carteira livre para pessoas físicas: a expectativa passou de 6,1% em junho para 6,3% em agosto. De acordo com a entidade, a resiliência do mercado de trabalho e medidas de impulso ao consumo ajudam a explicar o maior otimismo dos bancos com o segmento.
Para 2024, a projeção de expansão da carteira total foi revisada de 7,4% para 7,9%, puxada pela carteira de recursos livres, que passou de 7,7% para 8,6%. Segundo Sardenberg, a perspectiva de juros mais baixos no ano que vem se refletiu sobre o número.
Na inadimplência do crédito livre, a projeção dos bancos passou de um índice de 4,8% nos atrasos acima de 90 dias no final deste ano para um índice de 4,9%. No ano que vem, a expectativa ficou mais otimista: passou de um índice de 4,6% para 4,5%.
<b>Macro</b>
A pesquisa também captou as percepções dos bancos sobre indicadores macroeconômicos. A maioria dos participantes, 83,3%, espera que o Copom faça cortes de 0,5 ponto porcentual na taxa Selic em cada uma das reuniões até o final do ano, em linha com a sinalização do Comitê. Deste modo, a Selic encerraria 2023 em 11,75% ao ano, e chegaria em 10,75% ao ano em março de 2024.
Ao todo, 66,7% dos participantes da pesquisa acreditam que o risco fiscal é o mais relevante para o cumprimento das metas de inflação no longo prazo. Além disso, 61,1% dos participantes seguem preocupados com as incertezas fiscais, mesmo com a retirada deste ponto do balanço de riscos do Copom.
A pesquisa da Febraban é realizada a cada 45 dias, após a divulgação da ata da reunião mais recente do Copom. Na atual edição, foram colhidas as percepções de 19 bancos entre os dias 9 e 15 agosto.