A explosão de um homem-bomba durante um protesto na capital do Afeganistão, Cabul, deixou pelo menos 61 mortos neste sábado, segundo autoridades locais. O chefe de relações internacionais do ministério de saúde pública, Waheed Majroeh, disse que outras 207 pessoas ficaram feridas no atentado, reivindicado pelo grupo Estado Islâmico.
Os manifestantes, da etnia hazara, exigiam a passagem de uma importante linha de transmissão pela sua província natal, que é bastante carente. Os hazaras são em grande parte muçulmanos xiitas, enquanto a maioria dos afegãos é sunita.
Ramin Anwari, uma testemunha, disse que viu oito corpos na área de Demazang, onde os manifestantes estavam se preparando para montar acampamento após quatro horas de marcha. Uma das organizadoras da manifestação, Laila Mohammadi, disse que chegou ao local logo após a explosão e que viu “muitas pessoas mortas e feridas”. Imagens da TV afegã e fotos postadas em redes sociais mostram vários corpos e partes de corpos espalhados pela praça.
Segundo o porta-voz da presidência, Haroon Chakhansuri, havia dois homens-bomba no local, mas um deles foi morto pela polícia.
Manifestantes revoltados cercaram parte da área em volta da praça, impedindo a entrada da polícia e de forças de segurança. Alguns atiraram pedras nas forças de segurança.
O presidente afegão, Ashraf Ghani, divulgou um comunicado condenando o ataque. “Manifestações pacíficas são um direito de todo cidadão do Afeganistão e o governo fará o possível para oferecer segurança a elas”, disse.
Esta foi a segunda manifestação realizada pelos hazaras por causa da linha de transmissão. A anterior, em maio, atraiu milhares de pessoas e também fechou o distrito comercial da cidade. A marcha de maio contou com a presença de líderes políticos hazara, que estavam ausentes na manifestação deste sábado.
No auge da marcha deste sábado, manifestantes gritaram palavras de ordem contra o presidente Ghani e o chefe do Executivo, Abdullah Abdullah, exigindo o fim da discriminação contra a etnia.
A linha de transmissão, conhecida como Tutap, é financiada pelo Banco Asiático de Desenvolvimento e tem participação do Turcomenistão, Usbequistão, Tajiquistão, Afeganistão e Paquistão. No plano original, a linha passava pela província de Bamiyan, onde vive a maior parte dos hazaras. O curso foi alterado em 2013, pelo governo anterior. Líderes do protesto disseram que a mudança é uma prova da inclinação contra a comunidade hazara, que corresponde a cerca de 15% da população do Afeganistão, estimada em 30 milhões. Fonte: Associated Press.