Ao menos 50 pessoas morreram e várias ficaram feridas após a explosão de um caminhão-tanque na madrugada desta terça-feira, 14, na cidade haitiana de Cap-Haitien, segundo um balanço provisório feito pelo governo local. De acordo com as autoridades, o caminhão bateu e uma multidão correu para extrair a gasolina no momento em que ele explodiu.
"É a primeira vez desde que sou bombeiro em mais de 17 anos que vivencio uma catástrofe dessas", disse Frandy Jean, 49, chefe dos bombeiros do norte do Haiti ao jornal <i>The New York Times</i>. "Em termos de corpos que contamos e colocamos em sacos contabilizamos, estamos com cerca de 50 no momento e aumentando".
O primeiro-ministro Ariel Henry, escrevendo no Twitter, confirmou que a explosão e o incêndio resultante mataram e feriram várias pessoas. Ele disse que equipes médicas estavam sendo enviadas para o local e declarou luto oficial por três dias.
Quase 20 residências próximas sofreram incêndios após a explosão, de acordo com Patrick Almonor, vice-prefeito de Cap-Haitien, o que permite prever um balanço maior de vítimas. "Ainda não temos condições de anunciar detalhes sobre o número de vítimas dentro das casas", disse. O hospital Justinien, para onde foram transportadas muitas vítimas da explosão, está lotado com o fluxo de feridos, muitos deles em estado crítico.
<b>Escassez de combustíveis</b>
O Haiti, país mais pobre da América Latina, enfrenta uma escassez de combustíveis porque grupos criminosos dominam parte da rede de abastecimento. Desde julho, quando o presidente Jovenel Moïse foi assassinado, a ilha caribenha sofreu um terremoto devastador e inundações repentinas, desastres que deixaram mais de 2 mil mortos e muitos mais feridos e desabrigados. Os desastres naturais foram agravados pela pobreza, fome e violência crescente.
Nos últimos meses, a grave escassez de combustível empurrou o país ainda mais fundo no colapso, à medida que gangues, e não o governo, assumiram o controle de grandes áreas do país. Muitas pessoas e empresas no Haiti dependem de geradores de energia. As gangues se aproveitaram da necessidade de combustível, sequestrando caminhões-tanque à vontade. Muitos caminhoneiros se recusaram a trabalhar e, em outubro, uma greve nacional paralisou o país. (Com agências internacionais).