Estadão

Explosão em clube de tiro em Manaus deixa ao menos quatro mortos e um ferido

Uma explosão em um clube de tiros em Manaus na manhã deste domingo, 15, deixou ao menos quatro pessoas mortas e uma ferida. De acordo com o Corpo de Bombeiros, os quatro óbitos foram confirmados ainda no local e um homem com 90% do corpo queimado foi encaminhado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital 28 de Agosto.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) informou que a vítima passou por cirurgia de emergência e está sob os cuidados da equipe médica do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) da unidade.

Entre os quatro mortos estão dois homens e duas mulheres. Dois corpos estão na sede do Instituto Médico Legal (IML) para a realização dos exames necessários, e os outros dois ainda estavam sendo removidos no fim da tarde deste domingo.

Segundo o órgão, os corpos ainda não foram liberados em virtude do estado pós explosão. "Em casos como esse, somente após examinar os corpos, a perícia indicará qual o método mais adequado para a identificação científica", afirma o Corpo de Bombeiros.

O Secretário de Segurança, Carlos Alberto Mansur, esteve no local acompanhando a ocorrência. A Polícia Civil do Amazonas e os demais órgãos responsáveis estão investigando a causa da explosão.

Até as 17h30 deste domingo 6 viaturas e 30 bombeiros permaneciam no local, assim como sete ambulâncias do Samu.

<b>Popularização e restrições</b>

Os clubes de tiro se popularizaram no Brasil durante a gestão do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, que afrouxou as regras para o porte legal de armas. Graças à política pró-armamento do governo, o total de CACs (colecionadores de armas, atiradores e caçadores) registrado saltou de 117.467, em 2018, para 673.818 em meados do ano passado.

O montante já superava todos os 406 mil policiais militares da ativa que atuam em todo o País e ainda é maior que o efetivo de cerca de 360 mil homens das Forças Armadas.

O "revogaço" assinado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, nos primeiros dias de seu governo, contra medidas pró-armas do governo anterior barra novos clubes de tiro e novos CACs por pelo menos cinco meses.

O decreto de Lula, publicado no dia 2, ataca demandas centrais dos armamentistas atendidas na gestão passada. Agora, os CACs estão proibidos de transportar armas municiadas.

A autorização para transitar a clubes de tiro com os equipamentos prontos para uso, na prática, deu um porte de arma aos CACs, sem que eles precisassem se submeter ao procedimento regular da Polícia Federal para civis.

Também está suspenso o "tiro recreativo" nos clubes, o que permitia pessoas sem porte de armas ou registro de CACs irem aos estabelecimentos praticar disparos por hobby.

Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo em setembro, o general Braga Netto, já na reserva, atuou para derrubar a proibição. O Setor de Fiscalização de Produtos Controlados da 2.ª Região Militar, que abrange as instalações do Estado de São Paulo, proibiu a recreação ao interpretar uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Pressionado pelo general e por grupos armamentistas, acabou voltando atrás.

O novo governo determinou, ainda, que todas as armas de fogo registradas no banco de dados Sigma, mantido pelo Exército, sejam recadastradas e inseridas no Sinarm, o sistema de controle de armas da PF. Os CACs, hoje, ficam inscritos no Sigma. Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, a medida se junta a outras que reduzem o poder dos militares na Esplanada.

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