A Argentina exportou para o Brasil o equivalente a US$ 487 milhões em janeiro, o valor mais baixo dos últimos 10 anos. Em relação ao mesmo mês do ano passado, a queda foi de 37,8%, segundo levantamento da consultora Abeceb, especializada nas trocas comerciais entre os dois países.
Alguns dos produtos mais atingidos pela baixa foram de veículos de carga, automóveis e autopeças, plásticos, gás, inseticida e trigo em grãos. Desde que assumiu, no dia 10 de dezembro, o presidente Mauricio Macri colocou em vigor por decreto medidas favoráveis aos exportadores agrícolas. Ele extinguiu impostos a grãos e carne. A única exceção é a soja, principal fonte de ingresso de dólares, que teve a cobrança diminuída de 35% para 30%.
Foram mais beneficiados os produtores de trigo, que pagavam 23%, os de milho, cujo cultivo era taxado em 20%, e os de girassol (32%). No mesmo pacote, Macri anunciou o fim da cobrança sobre a exportação de carne, que era de 15%. Macri também desvalorizou o peso em 30%, ao liberar a compra e venda de dólares.
Enquanto a oposição o acusa de privilegiar os exportadores em detrimento de outros setores, especialistas no setor calculam que as ações devem demorar pelo menos um ano a ter efeito. “O país perdeu 40% da produção de trigo e o Brasil começou a comprar da Rússia, o que não tem sentido”, diz o secretário de Finanças da Federação Agrária, instituição que reúne médios e pequenos produtores na Argentina.
O comércio em geral entre os dois países caiu 19,7% em relação a janeiro de 2015. Na balança, o déficit no mês foi de US$ 339 milhões para a Argentina. Na relação com o Brasil, os argentinos são o quarto fornecedor (atrás de China, EUA e Alemanha) e o terceiro comprador (atrás de China e EUA).