A principal contribuição que a exposição dedicada à amizade entre Bruno Giorgi e Volpi traz, além de obras inéditas da dupla, é a carga de informação sobre o advento de peças importantes de ambos e a pouco analisada influência de um sobre o outro.
Exemplo disso é o nascimento das ogivas na pintura de Volpi, impulsionado por uma conversa com Bruno, que aprovou um esboço apresentado pelo amigo em que uma fileira de bandeirinhas na diagonal era cortada por uma abrupta linha curva.
São inúmeros os exemplos de intersecção de elementos da pintura de Volpi na escultura de Bruno – e um exemplo evidente é o da escultura Meteoro com as linhas sinuosas atrás da figura de Dom Bosco pintada para o Itamaraty a pedido do embaixador Wladimir Murtinho. Uma obra reflete a outra, embora separadas pelos arcos de Niemeyer. Não é demais lembrar que a modernidade brasileira nasce ali, da pintura de um artesão que fabricava suas telas e pigmentos, de um arquitetura de matriz bauhausiana e de uma escultura que não renuncia totalmente às suas origens clássicas.
Há na mostra exemplos desse respeito ao passado, como os bustos que Bruno Giorgi fez de Volpi e Mário de Andrade, que evidenciam a ligação do escultor com o professor francês Maillol. Ou das primeiras paisagens de Volpi antes de se afirmar como pintor de vocação construtiva. Ele e o amigo participaram de edições da Bienal de Veneza e São Paulo nos anos 1950, quando Volpi se aproximou dos concretos. Também desse período a Pinakotheke mostra obras raras – no caso de Bruno Giorgi, por causa de suas dimensões, são exibidas maquetes de esculturas, como Dois Guerreiros (conhecida como Os Candangos), um dos símbolos de Brasília.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.