A busca por ativos de risco no exterior é fonte de motivação de nova alta do Ibovespa nesta segunda-feira. As bolsas europeias, a maioria dos índices futuros americanos e o petróleo sobem na esteira de estudos preliminares indicando que a nova variante de coronavírus Ômicron não tende a causar casos graves da doença. Portanto, afasta por ora a possibilidade de adoção de medidas restritivas austeras no mundo, a despeito de as incertezas continuarem no radar. Ficam no radar dos investidores ruídos políticos envolvendo a Petrobras, espera da promulgação da PEC dos Precatórios no Senado e do Copom , que decide a Selic na quarta-feira. A taxa está em 7,75% e a expectativa do mercado é de alta de 1,5 ponto porcentual.
"A semana promete muita volatilidade, que é o que dá vida aos negócios. Obviamente, o momento é um pouco mais defensivo", avalia Andre Rolha, líder de renda fixa e produtos de câmbio da Venice Investimentos.
O profissional da Venice cita que o avanço da vacinação contra a covid-19 no Brasil deixa o investidor um pouco mais seguro, assim como o melhor preparo das nações neste momento tende a acalmar os mercados por causa da Ômicron. "O Ibovespa beliscou quase os 99 mil pontos não só em função do externo, mas do local conturbado. A PEC dos Precatórios gerou otimismo, mas os gastos, que tendem a aumentar, podem ofuscar o brilho nos olhos, principalmente do investidor estrangeiro", diz Rolha.
"Certamente há espaço para buscar recuperação ainda maior e ultrapassar o patamar dos 106 mil pontos, 107 mil pontos com consistência", avalia o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira, em análise matinal e a clientes e à imprensa. Na sexta-feira o índice Bovespa subiu 0,58%, fechando aos 104.090,02 pontos. Às 10h50, o Ibovespa subia 1,14%, aos 106.264,87 pontos, ante máxima diária aos 106.525,22 pontos.
De acordo com o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, o "tênue alívio" externo ajuda o mercado local, mas os investidores também seguem atentos às discussões em Brasília sobre o destino da PEC dos precatórios, após o Senado aprovar o texto da Câmara com alterações.
A alta de quase 3% do petróleo no exterior e da elevação moderada (0,46%) do minério de ferro na China puxam para cima as ações das blue chips Petrobras e Vale, respectivamente.
Após o presidente Jair Bolsonaro afirmar no fim de semana que a estatal começará a reduzis os preços dos combustíveis a partir desta semana, a companhia se pronunciou. Reforçou que não há decisão tomada que ainda não tenha sido anunciada ao mercado. Esclareceu hoje que ajustes de preços de produtos são realizados no curso normal de seus negócios e seguem as suas políticas comerciais vigentes.
Já em relação aos papéis de mineração e de coligados, está no radar novo alerta da chinesa Evergrande de que não há garantia de que tem recursos em caixa para honrar obrigações financeiras. Isso porque há o temor de que a crise da incorporada se espalhe pela economia chinesa. No entanto, a ação do Banco do Povo (PBOC) da China, que cortou em 50 pontos-base a taxa de compulsório bancário, injetando liquidez no mercado, alivia. Vale ON subia 2,11% e Gerdau PN, 3,165, por exemplo, às 10h54.
No pré-mercado de Nova York, os sinais são variados, com o Nasdaq futuro cedendo 0,16%. "O mercado americano ainda está digerindo os dados de desemprego divulgados na sexta-feira que vieram piores que o esperado", cita em nota Antônio Sanches, especialista em investimentos da Rico. "O FED recentemente assumiu uma postura mais rígida e preocupada com a inflação. Se por um lado os dados de desemprego não foram animadores, por outro, essa nova postura tem feito os mercados globais se questionarem se o fim dos estímulos à economia está mais próximo do fim", explica.
Na B3, as ações da Eletrobras ficam no radar, após o Tribunal de Contas da União (TCU) vai deliberar sobre a privatização da empresa em sua última sessão do ano, no dia 8. Os papéis subiam 3,31% (PNB) e 2,63% (ON).