Estadão

Exterior cauteloso por conflito no Oriente Médio leva Ibovespa à queda

O Ibovespa abriu em queda nesta segunda-feira, 9, seguindo a desvalorização das bolsas norte-americanas e da maioria na Europa e na Ásia, além do recuo do minério de ferro em Dalian, na toada do conflito no Oriente Médio, que começou no fim de semana. A liquidez já minguada promete diminuir mais por conta do feriado Columbus Day nos Estados Unidos, nesta mesma data.

Os negócios com Treasuries não funcionam. Na quinta-feira, os mercados do Brasil estarão fechados também por feriado.

Após ficarem uma semana fechado, os mercados da China reabriram com as bolsas fechando com sinais divergentes, enquanto o minério encerrou hoje em queda de 2,76%, o que pesa nas ações da Vale e do segmento metálico na B3.

Em contrapartida, a alta próxima a 4,00% do petróleo no exterior atenua a queda do Índice Bovespa, em meio à elevação dos papéis do setor, sobretudo em Petrobras. As ações da estatal subiam em torno de 3,00% às 11h15, com o maior avanço de quase 5,00% em Petrorecôncavo.

"O dólar está subindo em relação a várias moedas e as bolsas caindo. Há um clima de aversão a risco global por conta do conflito no Oriente Médio, que está sendo monitorado pelo mercado para ver sua dimensão. Tudo vai depender do envolvimento de países produtores de petróleo, como Irá e Arábia Saudita", diz Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research. Neste ambiente, os papéis de grandes bancos e de aéreas são destaque de baixa.

Além de o conflito aumentar a incerteza sobe o cenário geopolítico, deixando os investidores mais avessos ao risco, também poderia ter algum impacto inflacionário, pelo aumento do preço do petróleo, que já sobe nesta manhã, cita em nota a Guide Investimentos.

"De imediato, cabe apenas acompanhar, mas não parece que o conflito terá um impacto prolongado no preço dos ativos", estima a Guide.

Nesse cenário, o dólar sobe moderadamente, enquanto os juros futuros adotaram viés de baixa há instantes.

Segundo João Daronco, da Suno Research, os efeitos nos mercado dependerão do quanto irá durar o conflito e qual será sua intensidade, se a guerra escalará para outras regiões e mais países aderirão a este acontecimento. "Isso vai ditar muito sobre o preço do Brent petróleo do tipo Brent, referência para a Petrobras, se irá ficar alto por mais tempo", afirma.

Quanto maior a alta da commodity e maior tempo perdurar este movimento, mais poderá beneficiar os resultados da estatal, completa. Entretanto, Daronco explica que como se trata de uma empresa estatal e que sofreu recentemente uma mudança na sua política de preços, isso "pode fazer com que não seja repassado todo o aumento do petróleo e parte disso não beneficie a empresa."

O quadro ainda é incerto. "Há algumas peças do quebra cabeças para se mexer. Se o petróleo continuar avançando, pode afetar todos os bancos centrais, no sentido de deixar menos espaço para uma flexibilização de política monetária", completa Larissa, da Empiricus.

Nesta segunda-feira, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que o conflito no Oriente Médio vai trazer mais volatilidade ao preço do petróleo. Conforme ele, a nova estratégia comercial da companhia vai ajudar a mitigar uma eventual disparada no valor dos derivados, principalmente do diesel, que já vinha pressionado.

Hoje, a agenda de indicadores interna e externa está esvaziada, mas ao longo da semana ganhará força, principalmente devido a divulgações de dados de inflação no exterior e do Brasil. O IPCA de setembro sai na quarta-feira.

Na sexta-feira, o Ibovespa fechou com valorização de 0,78%, aos 114.169,63 ponto, mas caiu 2,06% na semana. As bolsas americanas fecharam em alta de cerca de 1,00%, em meio a avaliações de que o avanço mais fraco dos salários nos Estados Unidos retratado no payroll de setembro poderia fazer com que o Fed seja menos duro em suas decisões sobre juros.

No entanto, prevalece a ideia de taxas altas por mais tempo do que o esperado antes. Hoje, a plataforma CME Group amplia a probabilidade de manutenção nos juros do Fed em novembro, de 72,9% a 81,5%

Às 11h28, o Ibovespa caía 0,38%, aos 113.635 pontos, após recuo de 0,63%, na mínima aos 113.448,18 pontos, ante máxima de 114.168,99 pontos, com variação zero.

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