Estadão

Exterior e dúvidas internas com greve de servidores puxam Ibovespa para baixo

A valorização do petróleo no exterior ajuda a limitar queda do Ibovespa em meio ao clima cauteloso externo, após recuo de 0,24% ontem, quando fechou aos 121.279,51 pontos. Investidores avaliam novas sanções à Rússia por parte da União Europeia (UE) por supostos crimes de guerra na Ucrânia. Ao mesmo tempo, aguardam novos sinais de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) a partir de comentários de dirigentes da instituição. Internamente, as ações da Petrobras ficam no radar, e hoje sobem, depois de cederem na véspera, enquanto o mercado aguarda a indicação de um novo nome para compor a diretoria da estatal.

Além da cautela externa em meio ao crescente clima de briga entre russos e ucranianos e expectativa por dados da China à noite, o imbróglio envolvendo a Petrobras continuará no foco do mercado, avalia Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest. Após a desistência oficial de Adriano Pires para o comando da estatal, o governo estuda novamente o nome de Caio Mario Paes de Andrade (secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital) para assumir o comando da empresa.

"Apesar de não ter experiência na área petróleo, tem um bom portfólio, é um profissional competente. Se for um gestor aberto a receber informações de quem entende, tende a agradar. A questão é que até a assembleia da Petrobras dia 13 haverá pouco tempo para o mercado fazer a avaliação do nome", afirma Farto.

Na Bolsa, destaque para o recuo dos papéis do setor financeiro. Como chama a atenção Jayme Carvalho, planejador financeiro CFP pela Planejar, questões internas começam a pesar nos negócios. "Na verdade, são fatores que já deveriam estar sendo acompanhados como a pressão inflacionária e fiscal por conta da incerteza em relação à greve de servidores por reajuste salarial. São questões cotidianas que o mercado parece estar relevando", diz Carvalho.

De todo modo, no geral o clima é cauteloso. A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, divulgou hoje a proposta de um quinto pacote de sanções contra a Rússia, em meio a acusações de que forças do Kremlin teriam assassinado civis nos arredores de Kiev. As novas medidas incluem o embargo à importação de carvão russo, no valor de 4 bilhões de euros por ano. Também preveem veto a transações com quatro bancos russos, entre eles o VTB, o segundo maior do país.

"Prevalece um clima de espera nos mercados internacionais nesta manhã, com os agentes de olho nas crescentes pressões para novas sanções sobre a Rússia e na agenda norte-americana do dia, que fornecerá indicações da política monetária e da situação da economia EUA", avalia em nota o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria.

Apesar de em tese as sanções impostas à Rússia serem benéficas para países emergentes como o Brasil, Carvalho, da Planejar, pondera que o assunto ainda gera bastante dúvida no sentido de quais serão os impactos da guerra para o mundo. "Os efeitos sobre a inflação e os preços das commodities, de certa forma, são conhecidos. Porém, há incertezas em relação ao crescimento econômico mundial", avalia.

De todo modo, para Farto, da Renova, o quadro continua favorável a Brasil, desconsiderando as dúvidas relacionadas à Petrobrás. "Tem espaço para continuar subindo, e hoje o dólar tem alta, corrigindo um pouco as quedas recentes, é natural", diz.

Às 11h07, o Ibovespa cedia 0,36%, aos 120.845,67 pontos, na mínima diária, ante máxima aos 121.628 pontos (alta de 0,29%). O dólar à vista subia 0,71%, a R$ 4,640.

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