Estadão

Exterior e espera de detalhes de arcabouço fiscal animam Ibovespa

Os mercados locais renovaram o otimismo na manhã desta quinta-feira, 30, antes da entrevista dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento) para detalhamento das novas regras fiscais. Em Nova York, o sinal também é de alta, de até 0,75% (Nasdaq).

No Ibovespa, a alta é praticamente geral na carteira, enquanto o dólar tenta manter queda aquém de R$ 5,10, ao passo que os juros futuros miram queda. Só três ações caem no índice Bovespa. O indicador segue renovando máxima, em defesa dos 104 mil pontos, após abertura aos 101.795,79 pontos. Ontem, fechou com elevação de 0,60%, aos 101.792,52 pontos.

"Segue o exterior e o índice Bovespa tem possibilidade de se aproximar dos 103 mil pontos fechamento e, a partir daí, buscar os 106 mil pontos fechamento, mas certamente vai depender da entrevista de Haddad e de Campos Neto sobre o RTI Relatório Trimestral de Inflação", avalia em comentário matinal o economista Álvaro Bandeira.

Às 11 horas, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, comenta o RTI, que sai mais cedo.

Haddad chegou há pouco ao Senado para uma reunião com o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e líderes partidários sobre o novo arcabouço fiscal. Ao chegar ao Congresso, o ministro disse que a receptividade das lideranças da Câmara ontem à proposta foi boa. Também afirmou que a regra é sustentável dos pontos de vista fiscal e social.

Ontem, vazaram algumas informações sobre o projeto das novas regras fiscais, que prevê a zeragem do rombo das contas do governo federal em 2024 e superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025. A nova regra limita o crescimento da despesa a 70% do avanço das receitas do governo, mas esse porcentual cairia para 50% no ano seguinte se houvesse descontrole das contas públicas.

Pela proposta, não está prevista nenhuma exceção nova à norma que, se aprovada pelo Congresso vai substituir o teto de gastos – mecanismo que desde 2017 atrela o crescimento das despesas à inflação. Segundo as projeções do governo, com o novo arcabouço, as despesas vão crescer sempre menos que as receitas. O projeto terá mecanismos de ajuste, chamados de "gatilhos", em caso de não atendimento da trajetória previsto. Por outro lado, haverá um instrumento que impedirá aumento de gastos mais acelerado quando houver expansão significativa na arrecadação.

"Será fundamental conhecer os detalhamentos das regras, em especial os mecanismos que serão utilizados para forçar o cumprimento dos parâmetros (enforcement), mas de forma geral as primeiras informações trazem aspectos positivos e negativos", destaca o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, em nota.

Para a MCM Consultores, os detalhes conhecidos até o momento parecem otimistas quanto à trajetória do superávit primário e segue a incerteza se a proposta conseguirá estabilizar a dívida pública federal.

No exterior, as bolsas europeias e os índices futuros de ações em Nova York, em meio a uma visão menos turbulenta sobre as dificuldades do setor de bancos no Velho Continente e nos Estados Unidos.

O petróleo avança, enquanto o minério de ferro subiu 1,91% em Dalian, na China. As ações da Petrobras e da Vale têm valorização entre a faixa de 0,70% e 1,37%, pela ordem.

Às 10h38, o Ibovespa subia 2,13%, aos 103.956,38 pontos, após avançar 2,25%, na máxima aos 104.085,40 pontos.

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