Estadão

Exterior, IPCA e prorrogação da desoneração da folha animam Ibovespa

Valorização do petróleo e dos índices futuros de ações americanos, além de um taxa de inflação brasileira de novembro menor do que esperado animam o Ibovespa, que não só retomou alta após ter interrompido ontem uma série de cinco valorizações seguidas, como também os 108 mil pontos. Além disso, a aprovação da desoneração da folha de pagamentos para 17 setores que mais empregam no País reforça o otimismo.

Em novembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou a 0,95%, de 1,25% em outubro – ainda que o acumulado em 12 meses tenha ficado perto de 11% (10,74%). Já nos Estados Unidos, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,8% em novembro ante outubro, ficando ligeiramente acima da expectativa, de 0,7%. Na comparação anual, avançou no ritmo mais alto desde junho de 1982, com alta de 6,8% em novembro, acima da projeção (6,7%).

"O resultado fez o Ibovespa disparar", diz Rodrigo Friedrich, head de renda variável da Renova Invest, escritório plugado ao BTG Pactual.

Isso tira um pouco de pressão sobre um Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) mais "hawkish", avalia o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus. O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed reúne-se na semana que vem para definir sua taxa de juros e quem sabe ainda indicar se acelerará ou não o ritmo de retirada do tapering (estímulos).

Conforme Laatus, apesar do resultado baixo nos pedidos semanais de auxílio-desemprego nos EUA, informados ontem, os dados de inflação não foram tão afetados quanto o mercado esperava. "Tirou um pouco a pressão sobre o dólar e os juros treasuries, reforçando o cenário de tranquilidade momentânea", afirma, ponderando, "mas, claro, o mercado, ainda está fazendo contas, avaliando os dados."

De todo modo, o que chama a atenção é o resultado do IPCA de novembro, acrescenta Rodrigo Friedrich, head de renda variável da Renova Invest, escritório plugado ao BTG Pactual. "A noticia da nossa inflação se destaca, aos surpreender positivamente", diz.

Na opinião do economista-chefe da Necton, André Perfeito, a conjunção de dados melhores na margem na inflação e das expectativas inflacionárias no Focus podem começar a reverter o mal humor com os ativos brasileiros. "O IPCA de hoje é exemplo disso", descreve em análise após a divulgação do IPCA.

Entretanto, o quadro local ainda requer cuidado. O piso das expectativas para a Selic já está em 11,75% no fim do ciclo. A despeito da estimativa de desaceleração do índice no primeiro semestre de 2022, o BTG Pactual digital não descarta a incidência de novos choques sobre os preços no curto prazo. "Além disso, a depreciação do Real, decorrente da deterioração do cenário fiscal e de um ambiente global menos favorável para emergentes, deve permanecer como fator de risco para a inflação", afirma a equipe de Macro & Estratégia do banco, em nota.

Nem mesmo o recuo de 0,46% do minério de ferro no porto chinês de Qingdao, a US$ 108,03 a tonelada, impede alta das ações do setor no Ibovespa, assim como a nova afirmação do presidente Jair Bolsonaro, de que o preço dos combustíveis vai cair "mais de uma vez nas próximas semanas". As ações da Vale subiam 0,76% e as da Petrobras, acima de 2%.

A notícia de prorrogação da desoneração da folha de pagamentos até o fim de 2023 também alivia especialmente ações de empresas dos setores envolvidos, à medida que sugere algum ânimo nesta reta final do ano. A medida abrange os 17 segmentos da economia que mais empregam.

Às 11h01, o Ibovespa subia 1,71%, aos 108.112,73 pontos, ante abertura aos 106.296,33 pontos e máxima diária aos 108.274,86 pontos. A alta na carteira era generalizada.

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