Estadão

Exterior morno, ata do Copom e queda de petróleo jogam Ibovespa para baixo

Indefinição dos mercados de ações internacionais, sobretudo o sinal de baixa da maioria dos índices futuros de ações de Nova York, e a queda do petróleo jogam o Ibovespa para baixo. Além disso, o tom considerado mais duro por alguns economistas da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), provoca uma onda de revisões nas estimativas de Selic, sugerindo um juro básico mínimo em torno de 12,25%. Também penaliza ações do setor imobiliário e de consumo/varejo, principalmente. Para completar, investidores estão à espera da divulgação do balanço do Bradesco, que sai depois do fechamento da B3.

A ata do tem uma linha mais "hawkish" em relação ao comunicado divulgado na semana passada, quando a Selic subiu de 9,25% para 10,75% ao ano, avalia a economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta. Para a economista, a Selic deve caminhar para encerrar o ciclo de alta em 12,25% ao ano, e não mais em 11,75% como revisado logo depois da decisão do Copom.

"Como o mercado esperava apenas um ajuste ata ante comunicado e agora indica um cenário pior, podemos inferir que tenderá a ser mais elevado juro. É um tom mais hawkish . Como não travou a alta nem a magnitude, deixa aberto para altas consecutivas com ciclo não terminando em março", avalia Carla, da CM.

Além disso, o Banco Central (BC) reforça preocupação com o fiscal, dado que o governo segue firme com a ideia de aprovar a PEC dos Combustíveis, que permite a redução dos impostos federais e estaduais sobre os combustíveis, incluindo a gasolina e o gás. " "Indiretamente manda um recado para as medidas fiscais, como a PEC dos Combustíveis", observa o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, em conversa matinal com clientes e a imprensa.

A despeito do tom mais duro, a expectativa é que o BC desacelere o ritmo de alta da Selic de 1,5 ponto para 1 ponto porcentual no encontro de março.

O economista-chefe da Necton, André Perfeito, diz, em nota, manter sua projeção de Selic a 12% em 2022, após uma primeira leitura da ata. "Acredito que a estratégia que faça mais sentido para a Autoridade Monetária seja estender um pouco mais no tempo o aperto da taxa básica dando tempo para o BCB avaliar as condições correntes da inflação e das expectativas", avalia.

"As próximas altas não serão da mesma magnitude da atual. A lista de indicadores hoje é fraca. Investidores estão olhando para os Estados Unidos e para as questões geopolíticas tensão entre Rússia e Ucrânia. Enquanto tudo isso não for resolvido, o mercado ficará nesse marasmo", estima Laatus.

Quanto aos EUA, a grande expectativa é pela divulgação da inflação ao consumidor de janeiro, na quinta-feira, que tende a guiar os mercados em relação às estimativas para a política monetária americana, que deve começar a subir o juro em março. Já no Brasil, a espera é pela divulgação do balanço do Bradesco, que sai depois do fechamento da B3.

O Ibovespa caía 0,73%, aos 111.179,87 pontos, após ceder 0,92%, aos 111.963,91, na mínima intraday.

Petrobras cedia 1,71% (PN) e 2,03% (ON), enquanto Vale ON cedia 0,68%. Ações do setor financeiro tinham sinais mistos: Itaú Unibanco PN subia 0,12% e Bradesco PN recuava 0,53%. Varejistas como a Lojas Renner integrava a corrente das oito maiores perdas do Ibovespa, ao ceder 2,65%.

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