O Ibovespa pega carona no otimismo exterior e inicia 2022 com valorização firme, subindo na faixa dos 106 mil pontos, após ter fechado aos 104.822,44 pontos no último pregão de 2021. O movimento reflete uma espécie de ajuste, dado que o cenário interno – especialmente no âmbito fiscal – e externo – com dúvidas sobre os impactos da Ômicron na atividade – requer cuidado. Já o dólar firma-se em alta, após instabilidade, enquanto os juros futuros sobem.
De acordo com Sidney Lima, analista da Top Gain, o cenário de começo de ano é geralmente caracterizado por algum otimismo, especialmente após a redução do volume e de movimentos "mais largados" no fim de 2021. "Tanto a alta do minério de ferro e do petróleo deram fôlego ao índice no início do pregão. Agora, o petróleo virou. Porém, o drive deve ser o que acontece lá fora, nos EUA, onde o mercado está otimista", diz Lima.
A alta das bolsas europeias e dos índices futuros de ações americanos ocorre a despeito das incertezas relacionadas aos efeitos da nova cepa de coronavírus Ômicron. A disseminação da variante e o clima frio no hemisfério norte tem levado a cancelamentos de voos no exterior. No entanto, a percepção é que os efeitos da Ômicron na atividade serão menos nocivos do que os da Delta.
Porém, o surto de covid-19 em cruzeiros no Brasil pode reforçar cautela neste momento em que o segmento tenta recuperação, ao mesmo tempo em que o investidor monitora o quadro de saúde do presidente Jair Bolsonaro, que deu entrada em hospital de São Paulo, hoje.
O mandatário foi internado nesta madrugada. No Twitter, ele afirmou que fará exames no Hospital Vila Nova Star para definir se precisará de uma nova cirurgia para tratar o quadro de suboclusão intestinal. O hospital informou na manhã de hoje que o quadro do chefe do Executivo é estável, em tratamento e sem previsão de alta.
O investidor ainda fica de olho na prorrogação da desoneração da folha de pagamentos até 2023 para 17 setores econômicos, considerados os que mais criam vagas de empregos no País. No entanto, a medida, assim como outras anunciadas entre o fim de 2021 e o começo de 2022 geram cautela em torno das questões fiscais.
Na China, o minério de ferro fechou com valorização de 1,25%, a US$ 122,26 a tonelada, no porto de Qingdao. Já o petróleo mudou o sinal para queda, enquanto investidores esperam a reunião da Opep+ amanhã. No noticiário, a Líbia reduziu sua oferta antes do encontro do cartel, enquanto a expectativa é que a Opep+ mantenha o plano de elevar sua oferta gradualmente. Ainda assim, Petrobras subia.
Para que o índice Bovespa ganhe tração, será preciso ultrapassar a marca dos 108.500 pontos, salienta o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira, em análise matinal enviada a clientes e à imprensa.
Entretanto, a agenda de indicadores no exterior pode gerar cautela nos mercados. "Agenda da semana é pesada", diz, ao referir-se principalmente à divulgação da ata da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), na quarta, e do relatório oficial de emprego americano, o chamado "payroll", na sexta-feira. Vale ressaltar que a China informa dados de atividade esta semana.
Às 10h59 desta segunda, o Ibovespa subia 0,81%, aos 105.668,62 pontos, após máxima diária aos 106.125,47 pontos (alta de 1,24%). As ações da Petrobras, da Vale e de bancos tinham ganhos firmes na faixa de 2%. O dólar tinha valorização de 0,72%, na máxima, a R$ 5,6172.