Depois de uma temporada tumultuada pela pandemia, a Fórmula 1 tenta restabelecer este ano a normalidade com a proposta de um calendário cheio. O campeonato que começa oficialmente nesta sexta-feira, com os primeiros treinos para o GP do Bahrein, tem 23 etapas previstas. Será o mais longo da história. Nele, o grande favorito, o inglês Lewis Hamilton, poderá se tornar absoluto como o maior campeão da categoria.
A covid-19 ainda é um temor para a F-1. A temporada começa com alguns pilotos vacinados, mas com uma série de exigências para testes e cuidados com o distanciamento. Ter um Mundial impecável é importante até para a categoria repor as perdas financeiras do ano passado, quando houve o cancelamento de várias provas e a falta do dinheiro dos ingressos.
A temporada pode colocar Hamilton no posto de melhor piloto de todos os tempos, caso ele ganhe o oitavo título da carreira. Atualmente, está ao lado de Michael Schumacher, com sete conquistas, embora leve a melhor em critérios comparativos como vitórias (95 a 91) e pole positions (98 a 68).
Hamilton ganhou seis dos últimos sete campeonatos e parece não ter adversários à altura. O companheiro na Mercedes, Valtteri Bottas, carece de regularidade. Já os demais concorrentes no grid não contam com o mesmo equipamento nem têm o seu talento.
"Os pilotos fazem o que podem, dão o máximo que têm. Eles têm preparação física e técnica, mas acho que não tem ninguém no nível do Hamilton. Acima de tudo, tem o carro. A Mercedes é a melhor porque em 2013 foi a primeira que se preparou para a chegada do motor híbrido, que veio em 2014. Desde então, não perdeu mais. Não acredito que alguém tire o título do Hamilton, mas ele não vai ganhar tantas corridas com facilidade como ganhou", analisa Reginaldo Leme, comentarista de F-1 da Band, emissora que passará a transmitir a categoria.
A rotineira cena de Hamilton no alto do pódio reforça também a postura do piloto como voz ativa contra o racismo. O inglês se empenhou bastante no assunto ao longo do ano passado e promete continuar na luta. Para ele, não basta ser campeão só dentro das pistas.
RETORNO – Uma das boas novidades da categoria este ano é um velho nome. Após dois anos de afastamento, Fernando Alonso está de volta. O bicampeão mundial (2005/2006) retorna com muita expectativa e sedento por vitórias. Afinal, entre 2018 e 2019 ele percorreu diversas categorias, do Rally Dakar à Fórmula Indy, e só encontrou algum sucesso nas 24 Horas de Le Mans. Não foi o suficiente.
Nos testes da pré-temporada, o espanhol mostrou que ainda pode fazer bonito na F-1. Exibiu potência, deixou os carros da Ferrari para trás e indicou que o campeonato pode ser mais equilibrado do que o esperado. Depois das temporadas frustrantes com a McLaren, Alonso decidiu voltar para a F-1 com a Renault, pela qual faturou seus dois títulos mundiais.
O time francês foi um dos dois que mudaram de nome. Agora se chama Alpine, trocando o amarelo pelas cores da bandeira da França. O outro time rebatizado foi a Racing Point, que passou a ser Aston Martin, marca que faz sua terceira passagem pela F-1 – chegou a ser construtora na década de 50.
A escuderia é bancada pelo bilionário canadense Lawrence Stroll, que manteve seu filho Lance como piloto. O outro será o tetracampeão Sebastian Vettel, que deixou a Ferrari.
O time italiano aposta em mudanças para reagir em 2021. A começar por uma reformulação do motor e novidades na aerodinâmica, principalmente na parte traseira. Espera voltar a brigar pelo título depois da decepção em 2020, quando terminou na sexta posição no Mundial de Construtores, sua pior colocação desde 1980. Para tanto, conta com o talento dos jovens Charles Leclerc e Carlos Sainz Jr., o substituto de Vettel.
Entre os estreantes estão Yuki Tsunoda e Nikita Mazepin. O japonês vai correr pela AlphaTauri e é quem gera as maiores expectativas. Chega à F-1 amparado pelo aprendizado nas academias da Honda, fornecedora de motor do time e da Red Bull, dona da AlphaTauri.
O russo Mazepin chega à Haas com apoio do patrocinador master, uma grande empresa russa de fertilizantes. Sua contratação já foi cercada de polêmica, por causa de uma acusação de assédio sexual.
GP DO BRASIL – Os últimos dois anos foram de polêmicas, expectativas e diversas promessas envolvendo o GP do Brasil. Mas a novela acabou no fim do ano passado, quando São Paulo acertou a renovação do contrato com a F-1 por mais cinco anos. O novo acordo, porém, traz um detalhe importante. A prova em Interlagos se chamará, a partir deste ano, GP de São Paulo. Em 2020, a corrida foi cancelada por causa da pandemia.
Contudo, para São Paulo sediar o GP em 2021 novos obstáculos precisarão ser superados. Uma decisão da Justiça exige garantias financeiras para que a nova empresa responsável pelo GP, a MC Brazil Motorsport Holding Ltda., seja liberada para organizar o evento. O valor do contrato com a F-1, pelos cinco anos, é de R$ 100 milhões.
TRANSMISSÃO NA BAND – Depois de mais de 40 anos, a transmissão da Fórmula 1 no Brasil mudou de endereço. A Rede Globo deixa de ser a emissora oficial e a partir deste ano as provas serão exibidas na Band. Outra novidade para o País é a oportunidade de acompanhar a temporada por streaming.
A categoria abriu para o mercado brasileiro a oferta do F1TV Pro, serviço que dá acesso aos fãs para câmeras onboard de todos os carros, dados de pilotagem e às conversas de rádio das equipes. "O Brasil é um mercado importante para nós para esse produto. Estamos ansiosos para ver o impacto desse lançamento", disse o diretor de direitos de TV da categoria, Ian Holmes.
Na TV, a Band vai transmitir as 23 corridas e exibir os treinos no canal fechado BandSports. A emissora recrutou parte da equipe jornalística que fazia a cobertura da categoria na TV Globo, entre eles profissionais como o comentarista Reginaldo Leme e a repórter Mariana Becker.
Aliás, será Mariana a responsável por estar a cada fim de semana em um local diferente do planeta para acompanhar a F-1.