A produção de produtos químicos de uso industrial cresceu 0,38% em janeiro, na comparação com dezembro, informou a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). As vendas internas, segundo a entidade, avançaram 2,50% e a utilização da capacidade instalada subiu para 82%, registrando o melhor janeiro dos últimos quatro anos e o melhor resultado mensal desde outubro de 2018.
Em relação ao consumo aparente nacional (CAN) – resultado da soma da produção com as importações menos as exportações -, houve recuo de 17,5% sobre o mês anterior. O declínio é resultado da forte queda das importações dos produtos (-39,4%), puxada pelo grupo de intermediários para fertilizantes, cujo volume importado caiu 50,7% em janeiro deste ano, sobre dezembro do ano passado.
No que se refere ao índice de preços Abiquim-FIPE, a variável registrou recuo de 0,56% em janeiro de 2022, em relação a dezembro, mas alta de 51,24% em relação a janeiro de 2021. Os preços de produtos químicos de uso industrial no mercado local estão sendo impactados pelas variações ocorridas no mercado internacional.
O petróleo Brent chegou à US$ 92,3 o barril no início de fevereiro, puxando a nafta petroquímica, principal matéria-prima da química de base, para o valor de US$ 772 a tonelada em janeiro deste ano, alta de 56% em dólares em relação a igual mês do ano passado. Apenas em janeiro de 2022, sobre dezembro, a cotação internacional da nafta, convertida para reais, teve alta de 8,7%.
Outro insumo e matéria-prima da indústria química que tem enorme relevância sobre os custos no mercado interno é o gás natural, que também se encontra em um patamar muito elevado desde o início do segundo semestre do ano passado, sobretudo pela maior demanda para geração de energia elétrica.
"Olhando para o futuro, com o aumento da produção de óleo e de gás no Brasil, a indústria química tem a oportunidade de poder crescer e se desenvolver, desde que esses insumos possam ser acessados de forma competitiva", diz a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira.
Em sua visão, cabe ao governo brasileiro uma importante e urgente decisão: a definição entre ser exportador de commodities ou de bens acabados, "que trazem muito mais valor ao País".
"Também são urgentes as reformas tributária e administrativa, as soluções de infraestrutura e de deficiências logísticas, além da redução do custo Brasil, que impõem custos ao país que não são compatíveis com os que se praticam no mercado internacional", afirma a diretora da Abiquim.