O Parlamento do Reino Unido tornou públicas cerca de 250 páginas de e-mails internos do Facebook que legisladores dizem mostrar como executivos da empresa de mídia social, incluindo o executivo-chefe Mark Zuckerberg, deram a alguns desenvolvedores acesso especial a dados de usuários e contemplavam a possibilidade de cobrar dos desenvolvedores pelo acesso a essas informações.
Os documentos foram divulgados nesta quarta-feira como parte de procedimentos parlamentares no Reino Unido ao passo que legisladores examinam o uso de dados pelo Facebook.
Anteriormente, o Wall Street Journal já havia relatado que a companhia considerava cobrar companhias por acesso continuado a dados de usuários vários anos atrás, um passo que teria marcado uma mudança dramática distanciando a empresa da sua política de não vender essa informação.
Os documentos internos providenciados por parlamentares inicialmente emergiram como parte de uma ação judicial contra o Facebook protocolada por uma companhia chamada Six4Three LLC. Desenvolvedora de um aplicativo já desativado, a empresa processou o Facebook em 2015, alegando que suas políticas de dados eram anticompetitivas e favoreciam certas companhias em detrimento de outras. A maioria dos documentos anexados ao caso foram colocados sob sigilo a pedido do Facebook e por ordem de um juiz na Califórnia.
O Facebook disse em comunicado que os documentos divulgados hoje “são apenas parte da história e são apresentados de uma forma que induz ao erro sem contexto adicional”. A nota chamou o processo da Six4Three de “sem embasamento” e disse que “como em qualquer negócio, tivemos muitas conversas internas sobre as diversas formas como poderíamos construir um modelo de negócio sustentável para a nossa plataforma. Mas os fatos são claros: nunca vendemos dados de pessoas.”
Parlamentares britânicos disseram em um parecer que os documentos mostram como o Facebook reconheceu o valor financeiro de dados de usuários. Em um e-mail, datado de 7 de outubro de 2012, Zuckerberg ponderou sobre se o Facebook poderia cobrar diretamente de desenvolvedores pelos dados.
“Estou pensando bastante sobre modelos de negócio da plataforma este fim de semana… Se fizermos assim que desenvolvedores podem gerar receita para nós de diferentes formas, então isso torna mais aceitável que nós cobremos deles um tanto mais por usar a plataforma”, escreveu o CEO, de acordo com extratos do e-mail divulgado hoje. (Dow Jones Newswires)