Em tom eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou ontem, em Brasília e no Rio, para pedir voto. Em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, ele afirmou que a economia vai bem, disse que o Estado é laico e destacou governar para todos os brasileiros, diante de milhares de apoiadores.
"Aqui não tem a mentirosa (pesquisa) Datafolha. Aqui é o nosso Datapovo . Aqui, a verdade. Aqui, a vontade de um povo honesto, livre e trabalhador", disse Bolsonaro, em um ato na Esplanada, após participar do desfile cívico-militar do bicentenário da Independência. De acordo com pesquisa Ipec divulgada na segunda-feira, ele está com 31% das intenções de voto, atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 44%.
As declarações seguiram um script e se repetiram. Sem a faixa presidencial, o presidente subiu em trios elétricos para fazer ameaças veladas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e atacar Lula, além de enfatizar pautas ideológicas da base mais fiel.
Bolsonaro resgatou o bordão da "luta do bem contra o mal" e afirmou que "o povo está do lado do bem". "O povo sabe o que quer", disse, em Brasília, enquanto o público gritava: "Lula, ladrão, seu lugar é na prisão". "A vontade do povo se fará presente no próximo dia 2 de outubro (dia da eleição). Vamos todos votar. Vamos convencer aqueles que pensam diferente de nós, vamos convencê-lo do que é melhor para o nosso Brasil", disse.
<b>Diálogo</b>
A fala foi repetida em Copacabana. Bolsonaro pediu a apoiadores que exercitem diálogo com esquerdistas, que, segundo ele, "não têm argumento, são cabeças vazias". "E depois, se ele tentar te converter, fale para ele onde ele está errado. Porque eu sou presidente da República de 215 milhões de brasileiros. Eu não quero mal para essas pessoas. Eu quero o bem delas."
Ainda no Rio, o candidato enalteceu o desempenho do governo na economia, cujos números, de acordo com ele, "invejam o mundo todo". "Teremos inflação neste ano, sim, mas muito menor do que Europa ou que até mesmo os Estados Unidos", afirmou.
O presidente também fez acenos para a tolerância religiosa – um dos principais temas desta corrida pelo Palácio do Planalto – sem perder de vista o eleitorado cativo. "Nós somos um governo que sabe que o nosso Estado é laico, mas o seu presidente é cristão. Nós defendemos a vida desde a sua concepção. Não existe no nosso governo a ideia de legalizar o aborto", declarou.
<b>Adversários</b>
Os adversários foram o Supremo e Lula. "Hoje todos sabem quem é o Poder Executivo, a Câmara dos Deputados, o Senado Federal. Todos sabem o que é o Supremo Tribunal Federal", disse ele. A Corte foi vaiada.
"Com a reeleição, traremos para as quatro linhas (da Constituição) todos os que ousam ficar fora delas", disse o presidente, sem citar ministros ou a Corte. Em 2021, ele xingou de "canalha" o ministro Alexandre de Moraes, que hoje comanda o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No Rio, reiterou a fala: "Esperem uma reeleição para vocês verem se todos não vão jogar dentro das quatro linhas".
Bolsonaro citou empresários investigados pela Polícia Federal após trocas de mensagens no WhatsApp. "Hoje estive com os empresários acusados de (serem) golpistas. Pelo amor de Deus. Estamos ao lado dessas pessoas que nada mais tiveram do que a sua privacidade violada."
Também no Rio, ao se referir a Lula de forma indireta, Bolsonaro procurou relacioná-lo a ditaduras de esquerda, como Venezuela, Cuba e Nicarágua. "O que todos esses chefes de Estado têm em comum? São amigos do quadrilheiro de nove dedos que disputa a eleição no Brasil. Esse tipo de gente tem de ser extirpada da vida pública", afirmou. "Não sou muito bem-educado. Falo palavrões, mas não sou ladrão."
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>