O Aeroporto de Congonhas, na zona sul paulistana, paralisou todas as operações de pouso e decolagem ontem por quase 1h30, por causa de uma falha no abastecimento externo de energia que afetou a torre de controle. Segundo a Aena, concessionária que administra o terminal, a paralisação foi às 14h25 e o restabelecimento ocorreu às 15h51.
De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), a falha no abastecimento de energia da torre foi causada por um incêndio na linha de transmissão, às 13h59, próximo do aeroporto. Ainda segundo a Aeronáutica, as operações de Congonhas foram alternadas para os aeroportos de Confins (MG), Galeão (RJ) e Campinas (SP). No total, 28 voos não decolaram durante a janela de interrupção e 19 seguiram para pouso em locais alternativos.
A Enel, empresa fornecedora de energia elétrica, informou em nota que apura as causas da falha. "A distribuidora realizou manobras em sua rede e atuou para restabelecer o serviço. A empresa ainda apura as causas do ocorrido."
<b>NA CAPITAL PAULISTA</b>
Congonhas registra, diariamente, um fluxo de público superior a 70 mil passageiros. Por volta das 17h, o saguão onde ficam os guichês das companhias aéreas ainda estava com um alto volume de pessoas, apesar da normalização das operações.
Era difícil entender o fim e o começo das filas, que chegavam a cruzar todo o salão. Nos painéis que informam os horários e situações de voos constava a informação de que os trajetos estavam atrasados ou cancelados. Poucos eram os voos confirmados ou com embarque iniciado.
Juliana Alves Boueres, técnica em óptica, estava com viagem marcada para Belo Horizonte às 17h. Pouco depois das 15h, quando já estava no aeroporto, soube do cancelamento do seu voo. "Um grupo de amigos tem passagens às 20h. Vou tentar pegar nesse horário", disse, enquanto aguardava na fila destinada para o reagendamento de passagens.
O consultor tributário Diego Bertin conseguiu superar as filas para reagendar seu voo para Florianópolis. Mas a viagem acabou remarcada para hoje. "Agora vou precisar arranjar um hotel para dormir aqui em São Paulo." O consultor é de Campinas, interior do Estado, e estava com planos de viajar para Santa Catarina com o filho e se encontrar com a mulher, que já está na capital catarinense. "Consegui uma passagem para 7h20. Vamos perder uma manhã de passeio, mas pelo menos vamos conseguir ir", ponderou. Somente depois das 18h é que as filas diminuíram no saguão.
<b>NO RIO</b>
O professor de Sociologia Sérgio Amadeu, da Universidade Federal do ABC, sentiu os impactos das falhas do sistema de Congonhas de outro lado. Ele estava no Rio para participar de um evento acadêmico, e voltaria para São Paulo no começo da tarde. O voo para a capital paulista, previsto para Congonhas, atrasou mais de uma hora.
"A gente ficou sabendo que houve uma pane elétrica e que o nosso voo sofreria esse atraso", disse. Ele relata que a paralisação das operações também afetou as atividades do Santos Dumont, no Rio. "Eu vi que causou uma série de atrasos em várias aeronaves."
Apesar dos problemas, ele conseguiu aterrissar em São Paulo e não em Campinas, para onde alguns dos aviões estavam sendo direcionados. "Ainda bem que não fui para (o aeroporto de) Viracopos (em Campinas) porque meu carro está aqui no estacionamento", disse, aliviado.
Nas redes sociais, também não faltaram internautas reclamando dos cancelamentos e de aglomeração no aeroporto. "Congonhas com inúmeros voos cancelados, voos atrasados, superlotados, ar condicionado desligado. Isso é Brasil. Um desrespeito absurdo com os usuários", dizia João Bosco Luz. Outros ainda registraram as filas em vídeos.
<b>EMPRESAS</b>
Procurada pela Agência Brasil, a Latam informou que a companhia alternou ou cancelou parte de seus voos em São Paulo. "Esta é uma situação totalmente alheia ao controle da companhia, que está prestando a assistência necessária aos passageiros." Já a Azul informou, por nota, que somente dois de seus voos tiveram de ser remanejados para Viracopos, no interior paulista. Mas outros cinco foram cancelados. "A companhia destaca que os clientes estão recebendo toda a assistência necessária, conforme prevê a resolução 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A Azul lamenta eventuais transtornos causados aos clientes."
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>