A falsa enfermeira presa pela Polícia Federal sob suspeita de aplicar vacinas contra a covid-19 na garagem de uma empresa de ônibus em Belo Horizonte foi solta na tarde deste sábado, 3. Ela deixou a Penitenciária Estevão Pinto, na capital mineira, após ser beneficiada por um habeas corpus concedido no plantão judiciário do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
Cuidadora de idosos, a mulher teria aplicado pelo menos 80 vacinas na garagem da viação Saritur, controlada pelos irmãos Robson e Rômulo Lessa, que admitiram a organização do evento de imunização. O caso foi revelado pela revista <i>piauí</i>.
A suspeita, no entanto, é de que a falsa enfermeira tenha usado soro fisiológico no lugar do que afirmou ser imunizante fabricado pela Pfizer contra o novo coronavírus. A empresa negou que tenha comercializado a vacina no País.
A prisão flagrante, na última terça, 30, havia sido convertida em preventiva após audiência de custódia. A detenção foi justificada pelo artigo 373 do Código de Processo Penal, que prevê pena de dez a 15 anos de reclusão para quem "falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais".
A mulher entrou agora em liberdade provisória.
Vídeos obtidos pela reportagem do jornal O Estado de S. Paulo mostram pessoas sendo vacinadas dentro de carros na noite do último dia 23. As imagens foram gravadas por vizinhos do local, que denunciaram o esquema clandestino de imunização.
As denúncias e a reportagem levaram a Polícia Federal a abrir uma frente de investigação e deflagrar a Operação Camarote, que fez buscas na sede da companhias de ônibus e em endereços ligados aos empresários.
A compra de vacinas pela iniciativa privada foi liberada mês passado, mas a lei exige a doação de 100% das doses ao Sistema Único de Saúde (SUS) até que todas as pessoas dos grupos prioritários sejam imunizadas e de pelo menos 50% após essa etapa.