Foram presas nesta terça-feira, 16, mais duas pessoas acusadas de integrar a quadrilha que deu golpe de R$ 720 milhões em uma idosa de 83 anos, de quem foram subtraídos 16 quadros de pintores consagrados. A falsa vidente Diana Rosa Aparecida Stanesco, de 37 anos, e seu pai, Slavko Vuletic, cuja idade não foi divulgada, estavam em uma casa em Saquarema, na Região dos Lagos fluminense.
Eles foram detidos durante a tarde por policiais da Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade, durante a tarde. Os dois não tentaram fugir nem reagiram. Ao ver os policiais, Vuletic afirmou: "A gente não é do mal, a gente tenta ser do bem, mas tem seus desvios, com certeza".
Diana e seu pai eram os únicos foragidos da operação Sol Poente, realizada na quarta-feira passada, dia 10. Na ocasião, quatro pessoas foram detidas: a própria filha da idosa, Sabine Coll Boghici, de 49 anos; Jacqueline Stanescos, Rosa Stanesco Nicolau e Gabriel Nicolau Traslavinã. Todos vão responder por associação criminosa, estelionato, roubo, extorsão e cárcere privado.
Segundo a Polícia Civil, o grupo começou em 2020 a enganar a mãe de Sabine, que é viúva de um grande colecionador de artes, dono de quadros famosos de Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e outros pintores célebres. A idosa saía de uma agência bancária em Copacabana quando foi abordada por uma das envolvidas, que se apresentou como vidente. Ela disse que sua filha estaria doente e que morreria em breve.
Para reforçar o golpe, a falsa vidente levou a idosa a outra mulher, que reiterou a "previsão". Por ter um lado místico e pelo fato de ter uma filha que enfrenta problemas psicológicos desde a adolescência, a idosa foi convencida – inclusive pela filha – a realizar pagamentos para "tratamento espiritual".
"A filha disse para a mãe que tinha que pagar o que fosse para não sofrer daquele mal", narrou, na semana passada, o delegado Gilberto Ribeiro, responsável pela investigação. Em menos de três semanas foram realizadas oito transferências bancárias que ultrapassaram R$ 5 milhões. Segundo a polícia, dias após o início do falso tratamento, a filha começou a isolar a mãe de outras pessoas e dispensou funcionários que prestavam serviços domésticos a ela. A idosa desconfiou das atitudes e suspendeu as transferências. A partir daí, ela passou a ser agredida e ameaçada.
O cárcere privado durou cerca de 15 meses, entre janeiro de 2020 e abril de 2021. A idosa, contudo, só denunciou o caso à polícia no início deste ano. "Ela estava amedrontada e com aquele sentimento de mãe, de ter que denunciar a própria filha", disse Ribeiro.
A reportagem procurou nesta terça-feira representantes dos dois presos, sem sucesso até a publicação deste texto.