Em visita à UBS Jardim Flor da Montanha, a reportagem do GWEB encontrou moradores indignados. Uma paciente relatou já ter rodado por três unidades (Cecap, Taboão e Flor da Montanha), sem conseguir o remédio. A professora aposentada Maria Rosa, que depende do medicamento, também denuncia a falta: “Já estive aqui duas vezes e não encontrei. Precisei comprar porque não posso interromper o tratamento. Se eu não tomar a medicação, eu fico pior”.
A ausência do antidepressivo coloca em risco direto a saúde mental de centenas de pessoas e expõe a dificuldade enfrentada por quem depende exclusivamente da saúde pública. Médicos alertam que interromper o uso pode desencadear crises graves, aumentar a ansiedade e até agravar quadros depressivos.
A situação é ainda mais contraditória porque ocorre logo após o Setembro Amarelo, quando a Prefeitura de Guarulhos utilizou as redes sociais com postagens sobre prevenção ao suicídio e saúde mental. Apesar dos discursos e das postagens oficiais, a prática mostra outra realidade: falta justamente a medicação fundamental para quem luta diariamente contra a depressão.
Mesmo que o valor do remédio seja relativamente baixo, o fato de pacientes precisarem comprá-lo representa uma falha grave do sistema, que deveria garantir o acesso gratuito e contínuo.
A falta de um medicamento essencial mostra a fragilidade da assistência em saúde mental no município e deixa claro que quem mais precisa do SUS está sendo abandonado.
UBS Flor da Montanha
Na UBS Jardim Flor da Montanha, onde a reportagem também esteve, o problema da falta de sertralina se soma a outros obstáculos enfrentados diariamente pela população. Moradores relatam atrasos no atendimento, dificuldade para marcar exames e consultas, além de farmácias que nem sempre estão abertas e equipes que trabalham com número reduzido de profissionais.
Governo Lucas Sanches não dá respostas
O GWEB enviou questionamentos para a Prefeitura de Guarulhos, para saber o que o governo do prefeito Lucas Sanches (PL) tem a dizer sobre a falta de medicamentos. Mas, mais uma vez, a Subsecretaria de Comunicação não se manifestou. O espaço segue aberto para a manifestação do poder público.
