O grupo Heber, da família Bertin, pretende pagar seus credores com o que conseguir levantar na venda da concessionária que administra os trechos Leste e Sul do Rodoanel de São Paulo, a SPMar. Trata-se do ativo mais valioso do grupo, que também é dono de uma construtora, entre outras empresas. A venda da administradora do Rodoanel é a base do primeiro plano de recuperação judicial formulado pelo grupo, que deve cerca de R$ 8 bilhões.
O documento, ao qual o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso, propõe que o recebido com o leilão da SPMar vá diretamente para o pagamento dos credores. Sugere ainda que as dívidas acima disso sejam perdoadas. A Caixa é a principal credora do Heber, com quase R$ 3 bilhões a receber.
O grupo não apresentou no plano estimativa sobre quanto deve levantar com a venda da concessionária do Rodoanel. A ideia é que o leilão ocorra em até 24 meses após a aprovação do plano.
A proposta de reestruturação do Heber ainda deve sofrer alterações até que seja de fato levada à votação em assembleia de credores em alguns meses. A modelagem dessa primeira versão, porém, deve servir como base para as negociações a partir de agora.
O Heber entrou em recuperação judicial em agosto do ano passado. Foram incluídas dez companhias do grupo no processo – entre elas, a própria concessionária do Rodoanel.
Os negócios da família Bertin estão em crise há alguns anos. Endividada e sem dinheiro para arcar com os altos investimentos demandados no Rodoanel, a crise se agravou. No ano passado, o Banco Fibra entrou com pedido de falência da Contern, uma das empresas do grupo, precipitando o pedido de recuperação judicial.
O grupo é representada no caso pelo escritório Thomaz Bastos, Waisberg e Kurzweil.
Os Bertin controlavam um dos mais importantes frigoríficos do País até que, por dificuldades financeiras, o negócio foi vendido à JBS.
O grupo decidiu então apostar no setor de infraestrutura, com investimentos em termoelétricas e lances em dois dos projetos mais cobiçados do País à época: a usina de Belo Monte e o Rodoanel. As térmicas não saíram do papel, e o grupo acabou deixando Belo Monte.
Procurados, grupo Heber e Caixa não quiseram comentar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.