A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês) informou nesta terça-feira que adiou o início do trabalho da ex-primeira-dama do Peru Nadine Heredia na entidade, após receber um pedido do atual governo de Lima nesse sentido. Nadine é investigada por ter recebido supostos pagamentos ilegais em seu país.
A FAO disse, porém, que Nadine permanece como funcionária da FAO, enquanto “continuava a monitorar” sua situação. A expectativa era de que a ex-primeira-dama assumisse neste mês uma posição de diretora do escritório da FAO perante a ONU, em Genebra. Ela foi indicada pelo diretor-geral da organização, o brasileiro José Graziano da Silva.
Casada com o ex-presidente peruano Ollanta Humala, Nadine Heredia é acusada junto com o marido de receber pagamentos ilegais de construtoras do Brasil e também do governo venezuelano, entre 2006 e 2011. Pesa contra Nadine uma determinação judicial pela qual precisa se apresentar a autoridades judiciárias a cada 30 dias. O ministro das Relações Exteriores peruano disse que a contratação dela pela FAO representa uma interferência na investigação judicial do caso. O cargo na ONU poderia dar imunidade judicial a ela, pelas regras da ONU.
A FAO defendeu a nomeação da ex-primeira-dama, dizendo que houve um processo de recrutamento “transparente”, que envolveu a avaliação independente da candidata ao posto. “A FAO considera que o princípio básico de que a pessoa é supostamente inocente até que seja provado o contrário precisa ser mantido e seguido”, afirmou a entidade.
A ex-primeira-dama e Humala são investigados por lavagem de dinheiro. Segundo investigadores, pode ter sido movimentado US$ 1,5 milhão em dinheiro irregular vindo de Brasil e Venezuela para abastecer as campanhas eleitorais de Humala em 2006 e 2011.
Humala ficou no poder entre 2011 e 2016 e foi sucedido pelo conservador Pedro Pablo Kuczynski. Fonte: Associated Press.