A carta aberta que será elaborada pelo Banco Central para justificar o estouro do teto da meta de 6,5% em 2015 terá um significado mais importante, avalia o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves. Em toda a história do regime de metas de inflação, criado em 1999, houve três ocasiões em que o BC teve de elaborar a carta aberta, a última delas no início de 2004. Desta vez, porém, o documento deverá ser ainda mais emblemático.
“Naquelas ocasiões, já era sabido o que levou a inflação a estourar a meta. Agora, há muita discussão sobre o que está acontecendo, não há um consenso. É muito importante saber como o Banco Central vai diagnosticar a situação, pois isso vai indicar o que acontecerá daqui para frente”, afirmou.
A aposta de Gonçalves é de que a autoridade monetária voltará a apertar os juros para tentar impedir que a inflação de dois dígitos em 2015 se alastre pelos preços ao longo deste ano. O economista do Fator espera três altas de 0,50 ponto porcentual, o que levaria a taxa básica a 15,75% ao ano.
“Independentemente do que as outras políticas alcancem, o BC vai fazer o que tem de fazer”, prevê. A despeito disso, o economista espera que a inflação fique em 7,58% neste ano, diante da indexação (prática de elevar preços com base na inflação passada) e do câmbio.