Cidades

Faturamento das micro e pequenas empresas paulistas cai 18% em fevereiro

As micro e pequenas empresas (MPEs) do Estado de São Paulo registraram em fevereiro queda de 18% no faturamento real (já descontada a inflação) na comparação com o mesmo mês de 2014, segundo a pesquisa mensal Indicadores Sebrae-SP. Foi o maior porcentual de redução de receita para um mês de fevereiro em relação a fevereiro do ano anterior desde 1998, quando o levantamento teve início. Em relação a janeiro deste ano, houve diminuição de 1,3% no índice. O estudo mostrou também que o pessimismo dos empresários com a economia brasileira para os próximos meses voltou a bater recorde.
 
O resultado ruim está associado à demanda desaquecida por causa da confiança em baixa, do aumento do desemprego, da queda do rendimento dos trabalhadores, da inflação mais alta e dos efeitos de curto prazo das medidas de ajuste da economia. Esse conjunto de fatores tem limitado o consumo interno, o que piora o desempenho das MPEs, especialmente no comércio e serviços.
A receita total dos pequenos negócios paulistas foi de R$ 43,6 bilhões em fevereiro, o que representa R$ 9,6 bilhões a menos do que em igual período do ano passado. Na comparação de fevereiro de 2015 com janeiro deste ano, as MPEs faturaram R$ 588,2 milhões a menos. 
 
Por setores, no confronto de fevereiro de 2015 com o mesmo período de 2014, a indústria registrou queda no faturamento de 15,2%, no comércio a diminuição foi de 19,1% e nos serviços a retração ficou em 18%.
 
“Há uma notória piora na confiança de empresários e trabalhadores – muitos destes perderam seus empregos recentemente –, o que inibe o consumo e tem impacto negativo no caixa das empresas”, afirma o presidente do Sebrae-SP, Paulo Skaf. “A desaceleração da economia brasileira tem reflexo direto no faturamento dos pequenos negócios, que não têm tanta margem de manobra para superar as dificuldades quanto as empresas de maior porte”, completa.
 
Além do agravamento da situação econômica, o número menor de dias úteis em fevereiro também influenciou o resultado, explica o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Bruno Caetano. “Fevereiro deste ano teve dois dias úteis a menos do que fevereiro do ano passado – em 2014 o Carnaval foi em março – e isso faz diferença no resultado.” Ele lembra que a base de comparação também afetou os números, uma vez que fevereiro de 2014 registrou aumento de 9,7% no faturamento quando confrontado com fevereiro do ano anterior. 
 
Na avaliação por regiões, o faturamento de fevereiro ante igual mês de 2014 apresentou baixa generalizada: de -23,8% no Grande ABC; -22,9% no município de São Paulo; de -19,9% na Região Metropolitana de São Paulo e de -16% no interior do Estado.
 
“A desaceleração da economia não poupou nenhum setor ou região”, diz Skaf.
 
No acumulado do ano, ou seja, no primeiro bimestre, o faturamento das MPEs recuou 16,5% sobre igual intervalo de 2014.
 
Ainda considerando-se o primeiro bimestre de 2015 ante os dois primeiros meses do ano anterior, houve queda de 1,4% no total de pessoal ocupado, o rendimento real dos empregados das MPEs sofreu redução de 2,6% e a folha de salários ficou 6,1% menor.
 
Recorde de pessimismo
 
Em março deste ano, a expectativa dos proprietários de MPEs quanto ao faturamento nos seis meses seguintes não era das melhores. Para 58% dos donos de empresas, o faturamento da empresa ficará estável; em março de 2014, essa era a percepção de 55%. Já os que aguardam piora são 12% dos entrevistados ante 6% no mesmo período do ano passado.
 
Com relação ao comportamento da economia brasileira para os próximos seis meses, 46% disseram em março acreditar que a situação vai piorar, o que configura novo recorde de pessimismo de toda série histórica, iniciada em maio de 2005. O recorde anterior foi registrado em fevereiro, quando 43% tinham essa perspectiva negativa.  A pesquisa do Sebrae-SP também mostrou que 32% falam em manutenção do nível de atividade econômica. Em março de 2014, essa parcela era de 51%.
 
“O governo adotou medidas de ajuste que podem limitar a atividade econômica, além de elevar preços, inibindo o consumo interno, prejudicando as micro e pequenas empresas”, diz Caetano. “No entanto, espera-se para 2016 uma melhora na situação do País”, conclui.
 
A pesquisa
A pesquisa Indicadores Sebrae-SP é realizada mensalmente, com apoio da Fundação Seade. São entrevistados 2.716 proprietários de MPEs do Estado de São Paulo por mês. No levantamento, as MPEs são definidas como empresas de comércio e serviços com até 49 empregados e empresas da indústria de transformação com até 99 empregados, com faturamento bruto anual até R$ 3,6 milhões. Os dados reais apresentados foram deflacionados pelo INPC-IBGE.

Posso ajudar?