O faturamento das micro e pequenas empresas (MPEs) do Estado de São Paulo caiu 4,8% em março em relação ao mesmo mês do ano passado, já descontada a inflação. Foi a terceira queda seguida na comparação de um mês com igual período do ano anterior, reflexo do desempenho fraco da economia do País em 2015, de acordo com a pesquisa Indicadores Sebrae-SP.
Na comparação com fevereiro, no entanto, houve aumento de 6,1% na receita real das MPEs, em função do maior número de dias úteis. Em março, os pequenos negócios tiveram receita real de R$ 46,9 bilhões, R$ 2,4 bilhões a menos do que no mesmo mês de 2014 e R$ 2,7 bilhões acima do de fevereiro deste ano.
Na análise por setores, a indústria apresentou discreto aumento no faturamento em março de 2015 ante março de 2014, de 0,7%. O comércio ficou estável com variação positiva de apenas 0,1% no mesmo período. Já os serviços registraram redução de 12,2%.
A queda no setor de serviços foi acentuada pela base de comparação um pouco mais forte, já que em março de 2014 foi o único setor a ter resultado positivo, enquanto indústria e comércio apresentaram queda real na receita. Também contribuiu para o recuo a redução de receita do segmento de serviços prestados a empresas (cobrança, telemarketing, serviços jurídicos e de contabilidade, entre outros). “Há uma combinação terrível de fatores a prejudicar o desempenho das micro e pequenas empresas”, afirma o presidente do Sebrae-SP, Paulo Skaf. “Os pequenos negócios têm sofrido com a baixa confiança do consumidor, o aumento do desemprego, a queda do rendimento real dos trabalhadores, a inflação elevada e o impacto das medidas para ajustar a economia brasileira. Com esse conjunto, infelizmente, não é surpresa que o faturamento das micro e pequenas empresas tenha caído.”
A má fase da economia não poupou nenhuma região do Estado. O Grande ABC amargou o pior quadro, uma diminuição de 8,5% no faturamento em março de 2015 ante março de 2014. O interior do Estado também amargou sensível queda em igual período, de 7,5%. No município de São Paulo, o faturamento das MPEs caiu 5,1% e na Região Metropolitana de São Paulo o recuo foi de 2,2%.
Trimestre
No primeiro trimestre deste ano, o faturamento das MPEs diminuiu 12,8% em relação aos três primeiros meses do ano passado.
No mesmo período, houve variação de -0,1% no total de pessoal ocupado (sócios-proprietários, familiares, empregados e terceirizados) ante igual período de 2014.
A folha de salários, na mesma comparação, ficou 2,9% menor e o rendimento (salários e outras remunerações) dos empregados baixou 1,6%.
Expectativas
Em abril, os donos de MPEs paulistas, na sua maioria (59%), disseram esperar estabilidade no faturamento de seus negócios nos próximos seis meses. Em abril de 2014, 57% tinham essa expectativa. Os que acreditam em melhora são 21%, ante 27% no mesmo mês do ano passado e aqueles que imaginam piora são 11% sobre 7% de um ano antes.
Quanto à economia brasileira, 39% dos proprietários de MPEs apostam em estabilidade nos seis meses seguintes. Esse grupo era de 48% em abril do ano passado. Já a parcela dos que acreditam em piora aumentou de 26% para 38%. Os que falam em melhora eram 19% e agora são 14%. “A situação ruim da economia continua impactando negativamente nos resultados das micro e pequenas empresas. O desaquecimento do mercado interno, do qual os negócios de pequeno porte são muito dependentes, atinge diretamente o caixa”, diz o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Bruno Caetano. “Nesse contexto, os empreendedores tendem a ficar menos esperançosos com relação ao futuro e não se sentem seguros para dar passos mais largos. Ao que parece, a tônica é manter o que se tem e tentar minimizar as perdas, já que o faturamento tem caído seguidamente.”
A pesquisa
A pesquisa Indicadores Sebrae-SP é realizada mensalmente, com apoio da Fundação Seade. São entrevistados 2.716 proprietários de MPEs do Estado de São Paulo por mês. No levantamento, as MPEs são definidas como empresas de comércio e serviços com até 49 empregados e empresas da indústria de transformação com até 99 empregados, com faturamento bruto anual até R$ 3,6 milhões. Os dados reais apresentados foram deflacionados pelo INPC-IBGE.