Em mais um mês de resultados ruins, as micro e pequenas empresas (MPEs) do Estado de São Paulo registraram queda de 13,6% no faturamento real (já descontada a inflação) em abril em relação ao mesmo mês do ano passado. Foi a quarta redução seguida do índice na comparação de um mês com igual intervalo do ano anterior. No período, a indústria apresentou o pior desempenho entre os setores e seu faturamento caiu 17%; o comércio teve diminuição de 15,6% na receita e os serviços registraram queda de 10,2%. Os dados são da pesquisa Indicadores Sebrae-SP.
Em abril, a receita total das MPEs paulistas foi de R$ 45,2 bilhões, o que significa R$ 7,1 bilhões a menos do que em abril de 2014 e R$ 2 bilhões abaixo de março de 2015.
O fraco desempenho da economia brasileira tem impactado negativamente todos os setores, não poupando nem os segmentos que vendem para o consumidor final nem os que fornecem para outras empresas.
Além disso, fatores como inflação elevada, queda na renda real dos trabalhadores, aumento do desemprego, menor confiança dos consumidores e restrições de acesso ao crédito têm inibido a atividade dos pequenos negócios paulistas.
“O cenário continua desfavorável às micro e pequenas empresas. Enquanto a economia não voltar a crescer veremos os negócios de pequeno porte enfrentarem muitas dificuldades, já que eles têm menos margem para contornar as adversidades”, afirma o presidente do Sebrae-SP, Paulo Skaf.
De janeiro a abril deste ano, as MPEs amargaram queda de 13% na receita real ante o mesmo período de 2014. Por setores, no acumulado do ano, o comércio viu seu resultado encolher 15% e os serviços registraram faturamento 12,6% menor. A indústria recuou 7,7%, um porcentual de queda menos acentuado diante dos demais setores, uma vez que já vem de uma situação debilitada desde 2012.
Em abril, a região do Estado com melhor desempenho quanto à variação do faturamento foi o Grande ABC, com alta de 5,8% sobre abril do ano passado. Porém, esse bom resultado se deve à base fraca de comparação, já que as MPEs da região registraram, em abril de 2014, uma diminuição de 16,5% na receita ante igual período do ano anterior. Por outro lado, as MPEs do interior do Estado apresentaram queda de 19,8% no faturamento de abril ante igual mês de 2014. O município de São Paulo teve redução de 13% no valor das vendas, no período, enquanto a Região Metropolitana de São Paulo sofreu 7,4% de queda na receita das micro e pequenas empresas.
Renda e empregos
No acumulado do ano (de janeiro a abril) ante os quatro primeiros meses de 2014 houve aumento de 1,6% no total de pessoal ocupado nas MPEs paulistas. No mesmo período, a folha de salários pagas pelas MPEs teve queda de 0,3% (já descontada a inflação). O rendimento dos empregados das MPEs encolheu 1,3% em igual comparação.
Expectativas
Em maio, 61%, ou seja, a maioria dos donos de MPEs do Estado de São Paulo espera estabilidade no faturamento do negócio para os seis meses seguintes. Em maio de 2014, essa era a previsão de 56% deles. Os que aguardam melhora na receita eram 25% em maio de 2014 e agora são 22%. O grupo que acredita em piora no faturamento passou de 8% dos entrevistados no ano passado para 12% este ano.
Quanto ao comportamento da economia para os próximos seis meses, 40% falam em piora para os seis meses que vêm pela frente. Um ano antes, eram 26% os que admitiam nessa possibilidade. Os que aguardam estabilidade são 38% ante 46% em maio de 2014. Agora, 15% esperam melhora na economia, não muito diferente dos 18% de maio de 2014 que projetavam essa situação.
“O proprietário de uma micro ou pequena empresa fica receoso de dar passos maiores diante de uma conjuntura tão negativa. Para sobreviver ao momento atual é importante agir com cautela, se planejamento e se preparando para atuar num ambiente altamente concorrencial, com demanda em baixa, diz o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Bruno Caetano.
A pesquisa
A pesquisa Indicadores Sebrae-SP é realizada mensalmente, com apoio da Fundação Seade. São entrevistados 2.716 proprietários de MPEs do Estado de São Paulo por mês. No levantamento, as MPEs são definidas como empresas de comércio e serviços com até 49 empregados e empresas da indústria de transformação com até 99 empregados, com faturamento bruto anual até R$ 3,6 milhões. Os dados reais apresentados foram deflacionados pelo INPC-IBGE.