Os investimentos dos bancos em tecnologia da informação totalizaram R$ 18,6 bilhões no ano passado, de acordo com dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). O montante representa queda de 2,11% em relação aos R$ 19 bilhões registrados em 2015. Apesar da redução, o ritmo de encolhimento dos investimentos em tecnologia por parte dos bancos desacelerou. Em 2015, esses desembolsos diminuíram 9,5% ante 2014, acompanhando a tendência global.
Os dados constam da Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2017, divulgada nesta quarta-feira, 10, e feita em parceria com a consultoria Deloitte. Do total desembolsado pelos bancos com tecnologia em 2016, a maioria (45%) foi para desenvolvimento de software, 35% para hardware, 19% para telecom e 1% destinado a outras tecnologias. A tendência, conforme a Febraban, foi a mesma apresentada em estudos anteriores.
Quando analisados os investimentos e despesas relacionadas à implantação de novas tecnologias, computação cognitiva e analytics despontaram como as que mais demandaram capital em 2016, sendo responsáveis por 24% e 47% do total, respectivamente. “Isso demonstra uma tendência, cada vez maior, entre os bancos, de entender o perfil dos seus clientes para melhor atendê-los”, destaca a Febraban, em nota.
O estudo da Federação também traz, pela primeira vez, destaques sobre os investimentos que os bancos fazem para oferecer melhorias aos seus clientes. Segundo as instituições financeiras entrevistadas, as três principais prioridades para o mobile banking serão as melhorias das transações com movimentação financeira (77%), possibilitar que o cliente consiga customizar a exibição dos serviços (54%) e realizar melhorias relacionadas à acessibilidade (46%). Já no caso do internet banking, os focos serão as customizações pelo cliente (62%), as melhorias relacionadas a acessibilidade (54%) e proporcionar uma integração multicanal (46%).
Os investimentos e despesas feitos pelo setor financeiro em tecnologia da informação mantiveram, conforme a pesquisa, os mesmos níveis do governo, que historicamente sempre foi o mercado que mais investiu nesse segmento, com fatia de 14%, um ponto porcentual acima da média mundial. Em 2015, essa fatia estava em 13%.
Realizada há 25 anos pela Febraban, em 2017, a pesquisa tem a participação de 17 bancos, que representam 91% dos ativos do setor no País.
Canais móveis
Segundo a Febraban, as transações bancárias feitas por meio do mobile banking, que inclui celulares e tablets, praticamente dobraram no ano passado, com expansão de 96% em relação a 2015, totalizando 21,9 bilhões. Com este desempenho, o canal superou o internet banking, pela primeira vez, galgando a liderança entre as plataformas utilizadas pelos clientes para operações bancárias com ou sem movimentação financeira.
O mobile fechou o ano passado representando 34% do total das operações, um aumento de 14 pontos porcentuais em relação à pesquisa feita em 2015, seguido pelo internet banking (23%). Se levadas em conta somente as transações com movimentação financeira, o salto foi ainda maior, com o canal expandindo-se em 140%, passando de 500 milhões de transações, em 2015, para 1,2 bilhão no exercício passado. Nos últimos três anos, o volume quadruplicou.
“O crescimento do mobile deve-se, em boa parte, à migração de operações feitas pelo internet banking e ATMs”, avalia Gustavo Fosse, diretor setorial de Tecnologia e Automação bancária da Febraban, acrescentando que 42 milhões de contas ativas no País já contam com esse recurso, alta de 27% ante 2015.
Transações
No ano passado, o setor bancário contabilizou 65 bilhões de transações, uma alta de 17% em relação a 2015, de 55,7 bilhões, e a segunda maior nos últimos seis anos, de acordo com dados da pesquisa Febraban.
O levantamento também mostra que 9,5 milhões de clientes já são considerados “heavy users” no mobile banking, ou seja, realizam mais de 80% de suas operações por esse canal. “O uso do mobile deve crescer ainda mais com o avanço das contas totalmente digitais. O consumidor demonstra confiança nos canais digitais e o setor vem investindo para oferecer cada vez mais funcionalidades e segurança para as transações bancárias”, destaca Fosse, em nota.
Juntos, os canais de internet e mobile, respondem por 57% do total de movimentações financeiras. Contribui ainda o crescimento das contas totalmente digitais, abertas por meio totalmente eletrônico, sem contato presencial entre clientes e instituições bancárias. Conforme a Febraban, o número chega a quase um milhão e a expectativa é de que as contas totalmente digitais somem 3,3 milhões até o final do ano – contas digitais são aquelas abertas por meio totalmente eletrônico, sem contato presencial entre clientes e instituições bancárias.
“A opção dos brasileiros pelo mobile banking reforça a necessidade de investimentos para ampliar e facilitar o uso deste canal e permitir a customização pelo próprio cliente”, destaca Paschoal Pipolo Baptista, sócio da Deloitte e especialista na indústria de serviços financeiros.
Agências físicas
Conforme a Febraban, a rede física dos bancos no Brasil foi ampliada em 500 agências no passado, totalizando 23,4 mil unidades contra 22,9 mil registradas em 2015. O número, que havia encolhido em 2015, é o maior registrado pelo setor nos últimos anos e corresponde a 17 bancos responsáveis por 91% da rede física no Brasil.
A rede física passa, segundo Gustavo Fosse, por um momento importante de readequação e redefinição de papel, adotando cada vez mais um modelo consultivo. “Essa mudança exige, também, um novo perfil e habilidades de seus funcionários, que precisam estar preparados para atender as novas necessidades e questionamentos trazidos pelos clientes”, acrescenta ele.
Outros pontos físicos, como PABs (postos de atendimento bancário) e PAEs (postos de atendimento eletrônico) registraram alta de 6% no ano passado em relação a 2015 e atingiram um total de 48,5 mil.
A região Sul foi a que apresentou o maior crescimento, passando de uma participação de 18% em 2015, para 21% em 2016. “A região Sul foi a que apresentou o menor número de fechamento de estabelecimentos no ano passado e isso pode ter contribuído para o aumento do número de PABs e PAEs registrado no período”, explica Fosse.