Estadão

Fechamento juros: Taxas curtas sobem, na esteira de fala de diretor do BC

A curva de juros deu sequência ao movimento de desinclinação visto ontem, mas hoje com taxas longas em baixa e as demais em nova rodada de alta. O desenho foi definido ainda pela manhã a partir das declarações do diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Bruno Serra, que se sobrepuseram à reação ao IPCA de janeiro em linha com o esperado e prevaleceram até o fim da sessão.

A fala do dirigente endossou a correção das apostas para a Selic iniciada ontem pela ata do Copom, ao sinalizar que o ciclo de aperto monetário pode ir além do que o mercado esperava e que a Selic tende a permanecer elevada por um bom tempo antes de começar a cair. Com isso, os juros curtos e intermediários subiram e longos cederam, pressionados pelo fluxo estrangeiro e alinhados à melhora do ambiente internacional. O dia também teve vendas do varejo, mas que ficaram em segundo plano.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 12,255% (regular) e 12,26% (estendida), de 12,122% ontem. A do DI para janeiro de 2025, a 11,19% (regular e estendida), de 11,121%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 11,195% (regular) e 11,20% (estendida), de 11,255% ontem.

As taxas oscilavam em baixa na abertura até meados da manhã, com o mercado digerindo o IPCA de janeiro, de 0,54%, ligeiramente abaixo da mediana de 0,55%, de 0,73% em dezembro. O fato de não ter vindo pior do que esperado favoreceu alguma correção nas taxas no começo do dia, mas um alívio para o quadro inflacionário parece algo muito distante. Os preços de abertura foram vistos como preocupantes, com destaque para núcleos e bens industriais.

Nesse sentido, o Barclays elevou a projeção de inflação de 2022, de 4,90% para 5,30%, motivado "pela implacável pressão em bens industriais, que está demorando mais para desacelerar do que esperávamos e, neste momento, supera em muito os riscos para baixo que vemos partindo dos preços de eletricidade", segundo o economista do banco para Brasil, Roberto Secemski.

Na curva, o mercado não somente dá como certa a alta de 1 ponto na Selic no Copom de março (65% de chance), como agora já trabalha com a possibilidade de um aperto de 1,25 (35% de chance). Para maio, o mercado já começa a colocar fichas na aposta de 0,75 ponto, que aparece com 20% de probabilidade, contra 80% para 0,50 ponto. Por fim, em junho, o quadro está praticamente dividido entre 0,25 e 0,50 ponto (55% e 45%). Para o fim do ano, a curva indica Selic de 12,75%. Os cálculos são da Greenbay Investimentos.

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