Na contramão da queda do dólar e das curvas de juros globais, as taxas futuras subiram na B3, em movimento limitado a ajustes técnicos de posições após as duas últimas sessões em baixa. Com o noticiário e a agenda domésticas novamente esvaziados nesta quarta-feira, o mercado de juros local teve poucas referências para operar, enquanto no exterior sinais mais firmes de desinflação na Europa trouxeram alívio à perspectiva sobre o aperto monetário dos bancos centrais.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 encerrou em 12,770%, de 12,753% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025, em 10,80%, de 10,72%. O DI para janeiro de 2027 terminou o dia com taxa de 10,22%, de 10,14%. A taxa do DI para janeiro de 2029 subiu de 10,49% para 10,58%.
As taxas tiveram avanço moderado, recompondo parte dos prêmios devolvidos ontem e anteontem, mas ainda insuficiente para recolocá-las nos níveis do fechamento na sexta-feira. A dinâmica, portanto, não teve respaldo em fundamentos, que seguem indicando queda da Selic a partir de agosto. "Hoje não teve notícia, nem nada de diferente que justificasse essa abertura da curva. O corte de pelo menos 0,25 ponto da Selic em agosto está dado", afirma a economista-chefe do TC, Marianna Costa.
O mercado está posicionado para uma dose mínima de redução da taxa básica no próximo Copom, considerando os núcleos de inflação ainda desconfortáveis e a comunicação recente do Banco Central, que fala em "parcimônia" ao tratar da conjuntura atual. Por outro lado, o mercado considera nada desprezível a possibilidade de um afrouxamento de 0,5 ponto, dados os sinais também de desaceleração da atividade, como os emitidos pela queda de 2% do IBC-Br de maio.
"Avaliamos que seria prudente o Bacen iniciar o corte da taxa básica em 0,25 ponto para 13,5% em agosto, para a aceleração em 0,50 ponto na decisão de setembro. Os núcleos e a inflação de serviços ainda não corroboram convergência à trajetória de metas até 2024", comenta Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust. O único indicador da agenda local hoje, sem influência sobre os negócios, foi a segunda prévia do IGP-M de julho, que registrou deflação de 0,72%, ante -1,78% na mesma prévia de junho.
No exterior, a queda da inflação na zona o euro, de 6,1% em maio para 5,5% em junho em base anualizada, e no Reino Unido, no mesmo período, de 8,7% para 7,9% – e abaixo das estimativas de 8,1% -, trouxe alívio para os bônus europeus, em especial os Gilts britânicos. A curva americana acompanhou e também cedia nos prazos longos, enquanto a taxa da T-Note de 2 anos tinha alta moderada. Os índices de preço reforçaram a percepção de uma desaceleração conjunta do ritmo de ajuste monetário do bancos centrais.