O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, afirmou nesta quarta-feira, 13, que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) está agindo de forma cautelosa e que as próximas decisões de juros serão tomadas com base nos dados.
Ao avaliar o desempenho da economia dos EUA, ele disse que indicadores mostram um abrandamento substancial do ritmo de crescimento após o ritmo super forte no terceiro trimestre.
"Os dados mais baixos da inflação ao longo dos últimos meses são bem-vindos, mas precisaremos de mais evidências para aumentar a confiança de que a inflação está se reduzindo de forma sustentável em direção ao nosso objetivo", explicou Powell, a jornalistas, no período da tarde desta quarta-feira.
Segundo ele, a política monetária dos EUA está em um território bem restritivo e o caminho à frente ainda segue "incerto". O efeito integral do aperto monetário ainda será sentido, disse.
Powell afirmou ainda que o mercado de trabalho segue apertado nos EUA, mas que a oferta e a demanda continuam se equilibrando. "Os dirigentes do Fomc esperam que o reequilíbrio do mercado de trabalho continue a aliviar as pressões ascendentes sobre a inflação", concluiu.
<b>Perto do pico</b>
O presidente do Federal Reserve disse ainda que os juros nos Estados Unidos já chegaram ou estão bem perto do pico."Acreditamos que a nossa taxa provavelmente está no seu pico ou perto dele neste ciclo de aperto", afirmou.
O banqueiro central também sinalizou que os juros podem subir mais se necessário, ao contrário do que Wall Street vem precificando, da queda das taxas no próximo ano. "Estamos preparados para apertar ainda mais a política, se for apropriado. Estamos empenhados em alcançar uma orientação da política monetária que seja suficientemente restritiva para reduzir a inflação de forma sustentável para 2% ao ano ao longo do tempo, e em manter a política restritiva até estarmos confiantes de que a inflação está no caminho desse objetivo", reforçou.
Conforme Powell, os dirigentes da autoridade estão "agudamente" cientes de que inflação é uma "dificuldade econômica" e que farão o necessário para assegurar estabilidade de preços e pleno emprego.
Ele reiterou o compromisso de levar a inflação nos EUA à meta de 2% ao ano, mas alertou que esse processo "levará algum tempo".
<b>Decisões a cada reunião</b>
O presidente do Federal Reserve voltou a afirmar que as futuras decisões de política monetária nos Estados Unidos serão tomadas reunião a reunião. "Embora os participantes não considerem que seja apropriado aumentar ainda mais as taxas, também não querem retirar a possibilidade da mesa", disse.
Segundo ele, à luz das incertezas e dos riscos e do quão longe o Fed chegou, a orientação é caminhar "com cautela". "Continuaremos a tomar as nossas decisões reunião a reunião com base na totalidade dos dados recebidos e nas suas implicações para as perspectivas para a atividade econômica e a inflação", comentou.
O presidente do Fed insistiu que o foco é entender se os juros estão restritivos o suficiente para baixar a inflação de volta à meta de 2% ao ano nos EUA ou se ainda é necessário apertar mais a política monetária para alcançar tal objetivo. "As pessoas acreditam que é provável que não subiremos mais os juros", concluiu.
<b>Eleições</b>
Jerome Powell afirmou ainda que as eleições presidenciais nos Estados Unidos em 2024 não devem influenciar o rumo dos juros no país. "Não pensamos em política, pensamos na coisa certa a fazer pela economia", disse.
Questionado sobre a reação dos mercados, que têm projetado corte de juros nos EUA entre março e maio do ano que vem, Powell disse que 2023 foi marcado por uma espécie de gangorra, com investidores ora precificando mais a redução, ora menos. Apesar disso, o foco do Fed é adotar as medidas necessárias para alcançar os seus objetivos, segundo ele.
"No longo prazo, é importante que as condições financeiras se alinhem ou estejam alinhadas com o que estamos tentando fazer", disse Powell. "As condições financeiras podem ter idas e vindas, mas estou apenas focado no que é a coisa certa a fazer", reforçou.
Segundo Powell, mais aumento de juros à frente não é mais o cenário-base do Fed. Ao falar sobre a inflação no país, comemorou a melhora do indicador, mas disse que é preciso ver mais.
"Só precisamos ver mais. Precisamos ver mais progressos contínuos no sentido de voltar aos 2%. Isso é o que precisamos ver", explicou o presidente do Fed.