Fed espera manter política acomodatícia até meta de inflação ser alcançada

Os dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) reafirmaram seu compromisso de manter uma política monetária "acomodatícia", até que a meta de inflação nos Estados Unidos seja alcançada. A declaração consta da ata divulgada nesta quarta-feira, 6, da mais recente reunião de política monetária do Fed, realizada em 15 e 16 de dezembro.

Os dirigentes afirmam no documento que a demanda mais fraca e a queda nos preços do petróleo têm contido a inflação ao consumidor.

Com isso, o BC revisou "levemente em baixa" sua projeção para a inflação em 2020. Já com a reação prevista da atividade, a expectativa dos dirigentes é de gradual aumento dos preços. A ata projeta que "em algum momento nos anos para além de 2023, a inflação projetada irá superar 2% em nível moderado, enquanto a política monetária segue acomodatícia".

O Fed diz que a crise da covid-19 continua a pesar em várias frentes, como na atividade, no emprego e também na inflação, no curto prazo.

Ao mesmo tempo, os dirigentes acreditam que, com o apoio da política monetária, a inflação ganhará força ao longo do tempo. A ata nota ainda que as pressões inflacionárias estão contidas na maioria dos países pelo mundo, diante de ociosidade considerável nas economias.

<b>Pequenas e grandes empresas</b>

Os dirigentes do Federal Reserve avaliam que a recuperação econômica tem sido desigual entre empresas e setores nos Estados Unidos. Algumas áreas, como bens duráveis e habitação, relatam progressos, mas outros negócios, especialmente aqueles ligados às indústrias de lazer, viagens e hospitalidade, seguem encontrando mais dificuldades. Além disso, nestes casos, seus problemas estão se intensificando por causa do ressurgimento da covid-19. As visões constam na ata da última reunião de política monetária do Fed.

Outra desigualdade está no fato de que, enquanto as empresas maiores foram geralmente vistas como se recuperando "razoavelmente bem", as condições permaneceram preocupantes para os pequenas negócios, que enfrentam condições financeiras mais restritas. Vários dirigentes notaram que muitas pequenas empresas estavam em posições "especialmente vulneráveis", e que mais apoio fiscal ajudaria a resistirem ao aumento contínuo da pandemia, especialmente nos próximos meses.

Mais adiante, os participantes observam que acontecimentos positivos relativos à vacina poderiam apoiar ainda mais investimento empresarial, ajudando a reduzir o estresse em indústrias sensíveis à pandemia e aumentando a confiança.

<b>Medidas</b>

O staff do Federal Reserve avalia que as medidas adotadas para conter a disseminação da covid-19 continuavam a afetar a atividade econômica, nos Estados Unidos e pelo mundo.

Para a equipe de economistas do BC, o mercado de trabalho melhorou nos meses de outubro e novembro, embora com condições bem inferiores à do início do ano. No comércio global, o déficit dos EUA aumentou em outubro. O staff destaca a continuação da retomada tanto nas importações quanto nas exportações, após o "colapso" no primeiro semestre do ano. O staff do Fed ainda notou uma retomada forte na produção industrial em outubro e novembro, embora em níveis ainda bem inferiores aos de antes da pandemia.

Ainda para a equipe do BC americano, o sentimento nos mercados financeiros havia melhorado até a mais recente reunião, com notícias sobre vacinas contra a covid-19 por vir – que levaram o staff a revisar em alta sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) americano em 2021 – e a redução nas incertezas após a eleição dos EUA.

Por outro lado, havia preocupações com o avanço dos casos da covid-19 e os efeitos potenciais de restrições à mobilidade. Com essa piora na pandemia, a equipe previa que o PIB "enfraqueça temporariamente" no primeiro trimestre no país e afirmava que os riscos à perspectiva estavam voltados para baixo.

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