Estadão

Fed/Evans: projetar recessão é algo que pessoas sempre fazem, mas não fazem bem

As recessões econômicas sempre parecem uma surpresa, disse o presidente do Federal Reserve (Fed) de Chicago, Charles Evans, em seu café da manhã anual com a mídia nesta terça-feira, 2. "Projetar recessão é algo que as pessoas sempre fazem, mas não fazem bem", disse o dirigente, que não tem poder de voto nas decisões monetárias.

Evans disse que há vezes em que uma recessão é prevista, mas não acontece, enquanto o contrário também se dá.

O dirigente afirmou acreditar que todas as partes estão olhando para os desenvolvimentos econômicos agora, em aspectos ligados a varejo e consumo, por exemplo, e que devem se posicionar para os próximos doze meses. Em meio ao cenário de aperto monetário, deve haver maior cautela, diz.

O banqueiro notou que há forças que podem atuar sobre a economia com ou sem aperto monetário e que será "desafiador" acessar todos os indicadores econômicos. Olhar as taxas será um passo importante para quem espera que o número de vagas abertas caia, disse Evans.

Ainda, o dirigente afirmou acreditar haver uma "evolução natural" na economia, agora que a covid-19 se tornou "administrável". Vários setores tiveram uma recuperação bastante forte e, depois de melhorarem "dramaticamente", deve haver estabilização por "razões naturais".

<b>Inflação</b>

Charles Evans disse acreditar que as leituras de inflação nos Estados Unidos estão "menos feias". De acordo com o dirigente, em sessão híbrida com repórteres, empresas no país já estão se preparando para desaceleração da demanda nos próximos seis meses, como informado a sua equipe.

Sem poder de voto nas decisões monetárias este ano, o banqueiro disse ter esperanças de que há razões para que a pressão inflacionária causada pelo lado da oferta diminua. "Mas ainda teremos muito o que ver pelos próximos três a seis meses, eu diria".

Questionado sobre as expectativas quanto ao plano de redução da inflação, negociado no Senado e apoiado pelo presidente Joe Biden, Evans disse não ter estudado o assunto com muito cuidado até o momento. Mas que, se lidar com as questões de oferta, "poderia ser útil".

<b>Juros</b>

O residente do Federal Reserve (Fed) de Chicago disse ainda estar esperançoso de que uma alta de 50 pontos-base será "razoável" na próxima decisão monetária, em setembro. O dirigente, que não tem poder de voto nas decisões monetárias, destacou a necessidade de se manter a atenção na política monetária de médio prazo nos Estados Unidos.

Evans disse estar esperando melhora nas leituras de inflação e seu núcleo ao longo deste ano. Ele notou que ainda é cedo para ver o efeito da política monetária sobre o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos e que há diversos outros fatores em efeito.

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