Em relatório de política monetária divulgado nesta sexta-feira, o Federal Reserve (Fed) disse que a inflação aumentou nos Estados Unidos recentemente por causa de gargalos nas cadeias globais de abastecimento e outros fatores "transitórios". O documento será apresentado pelo presidente da instituição, Jerome Powell, ao Congresso na próxima semana.
Segundo o Fed, parte da força das leituras de inflação dos últimos meses reflete também a base de comparação, já que os preços despencaram em igual período de 2020. De acordo com o banco central americano, a pressão mais duradoura veio dos preços de bens que são afetados pelos problemas nas cadeias de produção, como veículos motorizados e eletrodomésticos.
"Além disso, os preços de alguns serviços, como passagens aéreas e hospedagem, aumentaram drasticamente nos últimos meses em direção a níveis mais normais, à medida que a demanda se recuperou", destaca o Fed.
Na visão da autoridade monetária, as expectativas de inflação de longo prazo no mercado aumentaram desde o final de 2020, mas estão em uma faixa que é "amplamente consistente" com a execução de meta.
<b>Emprego
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No primeiro semestre deste ano, o emprego nos Estados Unidos permaneceu "bem abaixo" dos níveis anteriores à pandemia de covid-19. O documento será apresentado pelo presidente da instituição, Jerome Powell, ao Congresso na próxima semana.
O banco central americano destacou que, apesar disso, o mercado de trabalho americano continuou a se recuperar durante os seis primeiros meses de 2021. "Embora a melhoria do mercado de trabalho tenha sido rápida, a taxa de desemprego permaneceu elevada em junho e a participação da força de trabalho não aumentou em relação às taxas baixas que prevaleceram durante grande parte do ano passado", ponderou a autoridade monetária.
Segundo o Fed, o aumento da demanda das empresas por mão de obra ultrapassou a recuperação da oferta de trabalho. Esse cenário, por sua vez, resultou em um salto na abertura de vagas de emprego e em um aumento nos ganhos salariais nos últimos meses.
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Instituições financeiras</b>
O Fed disse que as instituições que estão no centro do sistema financeiro permaneceram resistentes, embora algumas vulnerabilidades financeiras tenham aumentado recentemente. O documento será apresentado pelo presidente da instituição, Jerome Powell, ao Congresso na próxima semana.
Segundo o banco central americano, as vulnerabilidades das dívidas das empresas e das famílias continuaram a diminuir. "Mesmo assim, a dívida do setor empresarial permanece alta em relação à renda, e algumas empresas e famílias ainda estão sob pressão considerável", afirmou a autoridade monetária.
De acordo com o BC dos EUA, também há vulnerabilidades estruturais persistentes nos fundos de mercados monetários.
O Fed afirmou ainda que, no primeiro semestre, o progresso na vacinação contra a covid-19 levou à reabertura da economia e a um crescimento "forte" nos Estados Unidos. De acordo com o banco central americano, contudo, os efeitos da crise de saúde continuaram a pesar sobre a atividade econômica.
"Além disso, a escassez de insumos e as dificuldades de contratação têm paralisado a atividade em vários setores", destacou o Fed.
<b>Compras de ativos
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As compras de ativos, realizadas por meio do programa de relaxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês), continuarão no ritmo atual até haja "progresso substancial" em direção às metas do banco central americano. O documento será apresentado pelo presidente da instituição, Jerome Powell, ao Congresso na próxima semana.
Desde março de 2020, o Fed compra mensalmente US$ 120 bilhões entre Treasuries e títulos atrelados a hipotecas (MBS, na sigla em inglês). O objetivo é reduzir juros de longo prazo na economia e fornecer liquidez ao sistema financeiro, para diminuir os efeitos da pandemia de covid-19. Nas últimas semanas, contudo, o BC dos Estados Unidos iniciou um debate sobre o fim desses estímulos.
"Nas próximas reuniões, o Comitê continuará avaliando o progresso da economia em direção a essas metas de inflação e emprego desde que o Comitê adotou seu guidance de compra de ativos", disse a autoridade monetária no relatório.
Segundo do Fed, as compras de ativos ajudam a promover o funcionamento regular do mercado e condições financeiras acomodatícias, o que, por sua vez, apoia o fluxo de crédito para as famílias e as empresas.
<b>Escassez de insumos
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A escassez de insumos e as dificuldades de contratação têm paralisado atividades em vários setores da economia dos Estados Unidos.
A falta de insumos citada pelo Fed é resultado de gargalos nas cadeias de produção globais. Com a reabertura da economia, após os efeitos gerados pela crise de saúde, a produção tem tido dificuldade de acompanhar a retomada da demanda.
Nos EUA, também há um problema de oferta de mão de obra. Nos últimos meses, as empresas têm tido dificuldade de encontrar funcionários para contratação. Isso porque muitos pais precisam ficar em casa para cuidar dos filhos que ainda não tem aula presencial na escola, boa parte dos benefícios extras de auxílio-desemprego ainda está em vigor, algumas pessoas têm medo de se contaminar com o vírus se voltarem a trabalhar e outras decidiram antecipar a aposentadoria.