Estadão

Fed não está atrás da curva, mas precisará subir juros, afirma dirigente

Presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de St. Louis, James Bullard afirmou nesta quinta-feira, 7, que, na avaliação dele, o Fed não está atrasado, ou "atrás da curva", em sua política monetária. Ao mesmo tempo, notou que o BC terá de subir juros, a fim de ratificar o <i>forward guidance</i> já sinalizado.

Com direito a voto nas decisões de política monetária neste ano, Bullard avaliou, durante apresentação em evento na Universidade do Missouri, duas interpretações sobre o quadro. Para ele, a linha de pensamento baseada na regra de Taylor não levaria em conta a credibilidade do Fed e seu uso de diretrizes ("<i>forward guidance</i>") na política monetária. Em uma segunda leitura do quadro, as taxas de juros nos mercados subiram antecipando ações do Fed, com isso o BC estaria com uma postura adequada, mas terá de elevar juros para fazer valer suas sinalizações.

Bullard afirmou que a inflação no EUA está "excepcionalmente alta", comparável ao quadro de 1974 e de 1983. Uma diferença importante, porém, é que os bancos centrais são mais dignos de crédito que nos anos 1970 e lançam mão de <i>forward guidance</i>, dando sinalizações claras sobre seus próximos passos ao mercado.

O dirigente diz que a economia norte-americana perdeu fôlego no primeiro trimestre, ficando "relativamente fraca" diante da variante Ômicron da covid-19 e da guerra entre Rússia e Ucrânia. Os mercados de trabalho, porém, estão robustos e devem melhorar mais ao longo deste ano. A taxa de desemprego deve recuar abaixo de 3% ainda em 2022 e o mercado de trabalho é um dos melhores no pós-Segunda Guerra, destacou. "A expansão não está velha e pode continuar por um longo tempo", disse Bullard em sua apresentação.

Bullard disse que, de acordo com os mercados de títulos atrelados a TIPS, títulos indexados à inflação, as expectativas de inflação estão em alta nos EUA. A divergência atual entre as leituras de preços e a inflação esperada baseando-se nas Tips terá de ser resolvida, "possivelmente resultando em expectativas de inflação mais alta", apontou. O dirigente lembrou que a expectativa por desaceleração Economic achata a curva de juros.

O presidente do Fed de St. Louis também destacou o fato de que, em algumas sessões recentes, as curvas de juros dos bônus de 2 e 10 anos chegaram a inverter em alguns momentos.

Ele lembrou que este sinal do mercado tem sido preciso em prever recessões, desde o pós-Segunda Guerra, portanto "precisa ser levado em conta com seriedade". Ao mesmo tempo, advertiu que o juro da T-note de 10 anos pode estar contido por questões como o grande balanço do Fed, "que deve em breve começar a diminuir", o crescimento real mais baixo no futuro, a menor inflação esperada adiante e a busca por segurança diante da guerra na Ucrânia.

Bullard disse que a guerra na Ucrânia deve ser monitorada de perto, mas lembrou que o impacto na Europa é mais direto do que nos EUA. Os mercados de energia devem ser afetados no curto e médio prazos, mas isso pode levar a uma maior produção de petróleo e gás dos EUA. Já a variante Ômicron da covid-19 parece perder força, o que sugere mais reabertura econômica no país no segundo e no terceiro trimestres.

<b>Balanço de ativos</b>

O presidente da distrital do Federal Reserve em St. Louis afirmou também que a redução do balanço de ativos da autoridade monetária aliviará a pressão sobre os rendimentos de longo prazo e, como consequência, deve conter o achatamento da curva de juros.

O dirigente explicou que o processo começará em uma das próximas reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês).

Para ele, a confluência de inflação alta e política acomodatícia colocou o Fed em uma "posição difícil".

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