O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, voltou a insistir na necessidade de mais medidas de estímulo fiscal nos Estados Unidos, a fim de apoiar a recuperação. Durante discurso nesta terça-feira, 6, em evento virtual da National Association for Business Economics (NABE), Powell destacou a importância desse dinheiro para apoiar o quadro, ainda de recuperação incompleta e de riscos com a covid-19, e também disse que o BC do país continuará a apoiar o quadro na frente da política monetária, sem pressa em elevar os juros ou mesmo em recuar nos instrumentos emergenciais de apoio atualmente em vigor.
Powell disse que o auxílio fiscal "substancial" já utilizado "tem sido crucial" para apoiar os americanos. Como aparentemente muitos no país sofrerão com "períodos prolongados de desemprego", faz sentido lançar mão de mais medidas fiscais, argumentou.
O presidente do Fed notou que o investimento nas empresas tem mostrado trajetória de alta e comentou que a fraqueza dos serviços parece ter mais a ver com o distanciamento social e o temor com o novo coronavírus do que com alguma fraqueza inerente à economia. A retomada, até agora, mostra-se "forte e incompleta", na opinião de Powell. "Ainda há um longo caminho pela frente na recuperação do mercado de trabalho."
Nesse quadro, é preciso "fazer o possível para lidar com os riscos de baixa à perspectiva", disse ele. Powell citou riscos em seu discurso, como o de que novas ondas da covid-19 se materializem e limitem a atividade "de modo significativo". Outro risco é que a desaceleração na melhora econômica provoque uma "dinâmica de recessão", afirmou.
Powell insistiu que a expansão econômica dos EUA "está ainda longe de ser concluída" e disse que um apoio modesto agora "levaria a uma retomada fraca". "A retomada será mais forte e veloz se as políticas monetária e fiscal atuarem juntas", disse o dirigente, o qual também citou o fato de que o choque da covid-19 aprofunda divisões na riqueza e na mobilidade econômica na sociedade americana.
<b>Inflação</b>
No discurso, Jerome Powell falou também sobre o novo conceito de "inflação média" em 2%, agora utilizado pela instituição. Powell disse que, como os preços têm ficado abaixo da meta "de modo persistente", o comitê do Fed permitirá adiante que eles ultrapassem essa faixa "de modo moderado" e "por um tempo", não especificado, com a intenção também de que as expectativas de inflação no mais longo prazo permaneçam bem ancoradas em 2%.
"O comitê espera manter uma postura acomodatícia da política até que esses objetivos sejam alcançados", disse Powell. Ele lembrou que o Fed manteve os juros e considera apropriado seguir com a política atual até que as condições no mercado de trabalho atinjam níveis consistentes com os objetivos de "máximo emprego" e inflação média em 2%. "Nós esperamos que a nova diretriz apoiará nossos esforços na busca por uma recuperação econômica forte."
Para ele, tampouco é o momento de recuar nos instrumentos de crédito à disposição. Powell disse também que não há pressa em limitar os instrumentos emergenciais de apoio, lançados pelo Fed em meio ao choque da pandemia. Questionado, Powell disse ainda que o Fed não tem "até agora nem planos nem o desejo" de utilizar juros negativos em sua política.