O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Richmond, Tom Barkin, afirmou nesta sexta-feira, 2, que a instituição tem sido "agressiva" em suas altas de juros e "deixado claro nossa intenção de fazer mais" no aperto monetário. Mesmo assim, a demanda por trabalhadores continua à frente da oferta, notou, em discurso preparado para evento do Encontro Econômico Virgínia 2022. O discurso traz o aviso de que foi preparado antes do dado de geração de empregos publicado mais cedo nesta sexta nos EUA.
Sem direito a voto nas decisões de política monetária em 2022 e nem em 2023, Barkin diz que houve mudanças importantes, com a pandemia da covid-19 e a retomada econômica subsequente, com um mercado de trabalho "apertado em nível sem precedentes". As vagas abertas atingem recordes, enquanto empresas lutam para manter suas equipes ou encontrar novos funcionários, sobretudo em funções que exigem treinamento, como enfermeiros ou motoristas de caminhão, exemplificou.
A falta de trabalhadores contribuiu para impulsionar a inflação, disse Barkin. Isso levou à ação "agressiva" do Fed para controlar a inflação, mas a demanda por trabalho continua a superar a oferta.
Barkin disse que a economia norte-americana vinha operando com uma crescente força de trabalho há décadas. Esse excesso de trabalhadores mantinha salários e benefícios sob controle e, na prática, pressionava para baixo a inflação. Agora, o quadro é distinto. O dirigente nota que cada vez mais pode haver um ambiente em que há carência, não excesso de trabalhadores na economia americana.
"Essa situação pode ser gerenciada, como outros países comprovaram, mas exige uma real intencionalidade", afirmou o dirigente, mencionando como possibilidades a imigração legal, mais investimento em educação e treinamento, reabilitação, cuidados para as crianças e os mais idosos para que mais trabalhadores possam ser liberados dessas tarefas e buscar vagas, bem como mudanças tributárias que incentivem a participação na força de trabalho.