Os dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) apontaram na última reunião de política monetária da autoridade que as leituras de inflação nos Estados Unidos continuaram a exceder "significativamente" a meta da autoridade, e que a elevação de preços vem persistindo mais do que eles haviam antecipado. De acordo com a ata do encontro, divulgada nesta quarta-feira, 16, tal movimento está refletindo a oferta e desequilíbrios de demanda relacionados à pandemia, além da reabertura da economia.
No entanto, alguns participantes do encontro comentaram que a inflação elevada se expandiu para além dos setores mais diretamente afetados por esses fatores, impulsionada em parte pela forte demanda do consumidor, segundo a ata.
Além disso, vários dirigentes citaram outros desenvolvimentos com potencial para exercer pressão adicional sobre a inflação, incluindo o crescimento dos salários reais acima da produtividade e aumentos nos preços dos serviços de habitação, aponta o documento.
Os participantes do encontro geralmente esperam que a inflação se modere ao longo do ano, à medida que os desequilíbrios de oferta e demanda diminuam e que a acomodação da política monetária seja removida, de acordo com a ata.
Alguns dirigentes observaram que as medidas de longo prazo das expectativas de inflação pareciam permanecer bem ancoradas, o que apoiaria o retorno da inflação ao longo do tempo a níveis consistentes com as metas do Fed, diz a publicação.
No panorama, os dirigentes concordaram que a incerteza quanto à trajetória da inflação é elevada e que os riscos foram ponderados para cima. Entre os elementos, a política de tolerância zero da China para a covid-19, os riscos de turbulência geopolítica pesando nos preços de energia, uma persistência no crescimento do salário real superior ao crescimento da produtividade e a possibilidade de que as expectativas de inflação de longo prazo tornem-se desancoradas.
<b>Reflexo na atividade</b>
Os dirigentes do Federal Reserve temem que um grande ajuste em ativos pese na atividade adiante, de acordo com a ata da última reunião de política monetária da instituição. Segundo o documento, alguns dirigentes comentaram sobre o risco de que as condições financeiras possam apertar indevidamente em resposta a uma rápida remoção da acomodação política.
Esse risco, segundo o texto, poderia ser mitigado por meio da comunicação clara e eficaz sobre as perspectivas econômicas, os riscos em torno das perspectivas e o caminho adequado para a política monetária.
As compras líquidas de ativos, informa a ata, devem ser concluídas em breve. Segundo o texto, a maioria dos dirigentes preferiu continuar reduzindo as compras líquidas de ativos de acordo com o cronograma anunciado em dezembro, encerrando-as no início de março.
"A maioria dos participantes observou que, se a inflação não cair como eles esperam, seria apropriado que o Comitê removesse a acomodação de política em um ritmo mais rápido do que eles antecipam atualmente", diz o texto.