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Federação se desmancha e PV e SD não prometem mais apoio a Marta

O PV e o Solidariedade, que já se afastaram do projeto de formar uma “federação de partidos” com PSB e PPS, já demonstram também que não pretendem se alinhar automaticamente para as eleições do ano que vem ou de 2018 – como queria o principal arquiteto dessa aliança, o presidente do PSB-SP e vice-governador Márcio França. Com a ameaça de uma reforma política que extermine os partidos pequenos, as duas legendas se afastaram do PSB e começam a pensar outros caminhos.

Os presidentes nacionais do PV, José Luiz Penna, e do SD, Paulinho, disseram ao Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado, que não têm a intenção de apoiar a principal aposta do PSB/PPS (partidos que caminham para uma fusão) para o ano que vem: a candidatura de Marta Suplicy para a prefeitura paulistana.

Penna disse que a prioridade do PV é ter candidatura própria e negou que o partido tenha se comprometido com uma aliança eleitoral. “Sempre tivemos a tese de candidatura própria”, afirmou à reportagem. “O PV não pensa em nenhum tipo de fusão, federação, nada. A federação não era uma coisa formal, era uma coisa política, a gente não tinha compromissos eleitorais”, desconversou quando questionado sobre o compromisso que havia sido assumido pelas legendas no ano passado, de tentar estar juntos nas eleições municipais de 2016.

O presidente do PV diz não ter brigado nem com Paulinho nem com França. Para Penna, a legenda não pode se isolar, mas admite que a ideia da federação era uma opção de reforma política “canhestra”, que começou a balançar desde que o SD passou a apoiar Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a eleição da presidência da Câmara, enquanto os outros partidos apoiavam Júlio Delgado (PSB-MG).

Paulinho já é mais enfático, diz que a Executiva Nacional do Solidariedade decidiu deixar a frente e que a aliança vai se dissolver também na Assembleia Legislativa de São Paulo, onde começou e ainda opera. “Essa frente ora é a favor, ora é contra o governo. Nosso partido é de oposição. Achamos que a posição do PSB está muito confusa e decidimos não participar mais. Aqui (em São Paulo) nossos dois deputados estão participando ainda dessa frente, mas já estão discutindo a saída.”

O deputado federal e presidente do SD ficou contrariado com a ida de Marta para o PSB, pois havia articulado para atrair Marta ao SD. Ele se considera traído por Márcio França. “O Márcio fez um papelão conosco e achamos que não dava para continuar. Já passei da idade de aceitar certas coisas.” Paulinho diz ainda que Marta foi levada ao PSB com uma concepção falsa e que pode enfrentar muita dificuldade na eleição. “A Marta vai ter muita dificuldade para montar um conjunto de partidos para dar tempo de TV e rádio, e também para se dissociar do PT”, provocou Paulinho que já articula uma parceria com o provável candidato Celso Russomanno (PRB).

Marta

Desde que saiu do PT, Marta segue fechada. Chegou a planejar entrevistas a programas de TV, mas cancelou. Pessoas próximas a ela, contudo, disseram à reportagem que a senadora não veria com grande preocupação a deserção dos nanicos PV e SD. “De alguma forma é até um alívio não ter que carregar o apoio de uma figura polêmica como o Paulinho, ela teria que ficar explicando esse apoio”, admitiu um interlocutor.

O cálculo de Marta seria de chegar a três minutos de televisão, um número razoável para resgatar seu recall como ex-prefeita. Ela estaria mais preocupada em conquistar o apoio do claudicante PDT, que oscila entre deixar ou não a base do governo federal. O prefeito petista Fernando Haddad também tem articulado para manter o apoio do PDT de Carlos Lupi.

Hoje, o PSB calcula que chegaria perto de 2,5 minutos, em uma estimativa muito preliminar e considerando a fusão com o PPS. O presidente nacional do PSB disse à reportagem não ver com preocupação a movimentação do PV e do SD. “Uma candidatura competitiva, como tenho convicção que será a da Marta, vai ao longo do tempo atrair partidos parceiros para a coligação. Vamos conseguir formar uma boa coligação no caso de Marta, com certeza”, afirmou Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB.

Márcio França não foi encontrado pela reportagem para comentar as posições de Penna e Paulinho.

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