O feijão é um dos principais alimentos da culinária brasileira, presente nos mais típicos pratos nacionais, como o rotineiro feijão com arroz, a tradicional feijoada, o virado à paulista e o baião de dois.
Celebrado no dia 10 de fevereiro, o Dia Mundial das Pulses – sementes secas de leguminosas, como os feijões – é uma data instituída pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) que valoriza a importância nutricional e cultural desses alimentos.
São vários os tipos de feijão cultivados e consumidos no país, de diferentes regiões, cores e sabores, mas o favorito dos brasileiros é o feijão carioca, representando 66% do consumo nacional. Apesar do nome, essa variedade é paulista, e sua história remonta a mais de cinco décadas atrás, no município de Palmital.
No ano de 1970, em uma lavoura de feijão, um produtor identificou um grão de tonalidade diferente e mais produtivo do que os outros, provavelmente fruto de uma mutação espontânea. Foi batizado de carioca pelas suas listras que se parecem com as de um porco, cuja raça também era conhecida como carioca. Posteriormente, o agricultor entrou em contato com o Instituto Agronômico (IAC-Apta) que passou a desenvolver a variedade que está sempre presente nos pratos paulistas.
Desde a década de 1970 até os dias atuais, 58 novas variedades de feijão foram desenvolvidas pelo Instituto Agronômico (IAC-Apta), não somente do tipo carioca, mas também de feijão preto, rajado, vermelho e tantos outros que atendem aos mercados interno e externo.
“Os trabalhos do programa de melhoramento genético de feijoeiro do IAC não param. Esses novos materiais trazem uma nova diversidade de tipos de feijão para o consumo estadual e nacional, como também fomentam a abertura de novos mercados, voltados principalmente para a exportação”, comenta o pesquisador Alisson Fernando Chiorato, do IAC-Apta, órgão ligado à Secretaria de Agricultura de São Paulo.
Além de desenvolver novas cultivares para exportação, o Instituto Agronômico (IAC-Apta) busca características que aumentem a sustentabilidade e a produtividade em suas produções. “Além da precocidade, que demanda menos uso de água, a resistência às principais doenças da cultura permitem ao agricultor utilizar menores quantidades de defensivos, reduzindo seu custo de produção e gerando alimentos mais saudáveis”, completa o pesquisador.
Atualmente, o programa de melhoramento genético de feijoeiro do IAC-Apta tem contratos de licenciamento de sementes firmados com 17 empresas produtoras de sementes de feijoeiro em todo Brasil.
É por isso que, mesmo ocupando a sexta posição nacional na produção de feijão, o Estado de São Paulo é o que apresenta a maior produtividade média por área, correspondendo a 2.100 quilos por hectare, graças às tecnologias geradas pelos institutos de pesquisa. Em média, são cultivados, anualmente, ao redor de 100 mil hectares em São Paulo, somando-se as três principais safras de cultivo: água, seca e inverno.
De 1974 a 2020, a produtividade saltou de 400 quilos por hectare para 1.130 quilos por hectare graças aos avanços tecnológicos. Também nesses 46 anos, a área cultivada com feijão no Brasil variou de 4,5 milhões de hectares para 2,7 milhões, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2021.
Segurança alimentar e identidade nacional: a importância do feijão para a sociedade brasileira
Nem sempre o feijão foi apreciado das formas em que preparamos atualmente. Existem indícios, segundo a publicação Arroz e feijão: tradição e segurança alimentar, da Embrapa, de que os povos indígenas já conheciam a leguminosa antes do contato com outros povos, e a comiam sem caldo. Com a influência portuguesa, o caldo foi adicionado, e com a chegada dos povos africanos, outros temperos e preparos foram acrescentados.
O feijão, considerado um símbolo nacional, surge da mistura entre diferentes heranças culinárias, mas também ganha importância pelo seu valor nutricional. O grão fornece carboidratos para o dia a dia, vitaminas (principalmente as do complexo B), sais minerais como ferro, cálcio, potássio e fósforo e fibras que auxiliam na digestão e no controle dos níveis de colesterol.
Acompanhado por outros alimentos saudáveis como arroz, vegetais, legumes e carne, os pratos com feijão costumam ser equilibrados e nutritivos, sendo fundamentais no compromisso histórico de garantir a segurança alimentar da população brasileira.
A estimativa da produção de feijão para 2024, considerando-se as três safras, deve alcançar 3,1 milhões de toneladas, crescimento de 0,4% em relação ao 3º prognóstico e de 4,5% em relação a 2023.