Mais de 50 editoras independentes se reúnem neste fim de semana, no Sesc Pompeia, em São Paulo, para a quarta edição da Feira de Publicações Independentes, que este ano recebe o nome de Avessa. Os expositores ficam na rua central do espaço no sábado, 12, e no domingo, 13, a partir das 14h.
Uma série de minicursos e oficinas também é oferecida pelo Sesc – Clara Averbuck e a artista plástica Eva Uviedo ministram uma oficina sobre o processo criativo e a relação entre escritor e ilustrador, na próxima quinta-feira, 17; João Varella, escritor e editor da Lote 42, dá uma oficina de escrita criativa no domingo, 13; nesta sexta, o quadrinista Dalton Correa ensina técnicas básicas de produção e edição de quadrinhos. Lourenço Mutarelli, Bia Bittencourt e Vanderley Mendonça também dão seus cursos, estes já com as inscrições esgotadas.
A realização de feiras é um movimento importante para o mercado independente porque permite um diálogo constante dentro do meio, na avaliação da editora Rachel Gontijo Araújo, de A Bolha, do Rio, que participa da Avessa no fim de semana.
“O mercado editorial brasileiro foi feito para que iniciativas como A Bolha não sejam bem sucedidas”, diz, de Brasília – onde está trabalhando na produção do novo projeto da editora, do artista visual argentino Federico Lamas. Apesar disso, há resistência: sua editora existe há quatro anos.
Sobre as “infelicidades constantes” que dificultam a produção independente e de qualidade no País, ela cita políticas institucionais excludentes (como os descontos exigidos pelas redes de livrarias e a demora nos pagamentos), sistemas de distribuição estruturados só para grandes tiragens e uma falta de sensibilidade de investidores, que não dão o mesmo valor para iniciativas editorais independentes quanto para startups de tecnologia, por exemplo.
“Existe uma ideia de que a parte cultural não contribui com a economia, que não traz tanto retorno financeiro, e na verdade obviamente traz e é complementar”, diz. Ela relata um crescimento frequente do mercado independente norte-americano nos últimos anos e a relação que os grandes grupos editorais dos EUA têm com os empreendimentos menores – a ideia de A Bolha surgiu quando Rachel concluía um mestrado em Chicago, e hoje a editora também atua no mercado norte-americano, com traduções de Hilda Hilst. “As editoras grandes dão espaço, criam selos, tentando ir atrás das inovações estéticas do mercado independente, e eu não vejo a mesma seriedade e abertura no Brasil”, comenta.
“Olhar para essas movimentações com mais respeito é importante para um país, para que se tenha um sistema econômico mais saudável”, opina.
“O próprio nome da Feira deste ano (Avessa) tem uma série de significados”, explica o coordenador de programação do Sesc Pompeia, Thiago Freira, “e um deles é o fato de essas editoras não estarem alinhadas com as práticas do mercado e de distribuição comum”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.