Felipe Anderson admite ano irregular e quer repetir brilho do começo no West Ham

Contratado pelo West Ham em julho de 2018, Felipe Anderson mostrou em seu primeiro ano que valeu o investimento de 36 milhões de libras (aproximadamente R$ 246 milhões, na cotação atual) feito pelo clube. Afinal, foi quem mais atuou pelo time na temporada 2018/2019, com 40 jogos disputados. E ainda marcou dez gols, sendo o vice-artilheiro da equipe, um desempenho que chamou a atenção até de Tite, que o convocou para a seleção brasileira.

O desempenho, porém, não se repetiu na temporada 2019/2020. Os gols sumiram – fez apenas um -, acompanhando os resultados ruins do West Ham, que brigava contra o rebaixamento no Campeonato Inglês até a parada do calendário em função da pandemia do coronavírus. Em entrevista ao Estadão, Felipe Anderson admite que se tornou mais conhecido no seu segundo ano no clube e não conseguiu ser criativo para fugir dos marcadores. Mas vê a dificuldade como aprendizado para a sequência de uma carreira em que já ostenta uma medalha de ouro olímpica e a conquista de uma Libertadores pelo Santos.

O meia-atacante admite surpresa com o cenário inédito de paralisação do futebol, mas avalia que ele e outros jogadores têm se cuidado bem durante o período de quarentena. Os times voltaram a realizar os treinos presenciais na última terça-feira no primeiro passo para a disputa das nove rodadas finais do Campeonato Inglês – o West Ham é o 16.º colocado, fora da zona de rebaixamento por causa dos critérios de desempate.

<b>Como foi a sua rotina nesse período de quarentena em casa?</b>
Foi muito intensa. Moro com meus irmãos e começamos a nos ajudar nas tarefas, mas também precisava treinar em casa, seguindo uma rotina, incluindo a alimentação. Está durando muito tempo. Sabemos que precisamos estar firmes se o campeonato voltar.

<b>Quais são as orientações que o West Ham passou a vocês para realizar os treinos em casa?</b>
Eles disponibilizaram algumas coisas e passavam toda segunda-feira um programa a ser feito, com corridas em parques ou trabalhos individuais em casa. Eu buscava fazer no horário em que estávamos acostumados a treinar. Ajudava nas tarefas de casa e tentei estudar no tempo extra.

<b>Como é ficar tanto tempo sem jogar futebol? Como imagina que será o retorno?</b>
Nunca passei tanto tempo sem jogar, o máximo foi nas férias, uns dez dias. É bom jogar profissionalmente e também com os amigos. A gente não pode perder o ritmo, o tempo de bola. Mas vejo que os jogadores estão bem maduros, mesmo os jovens, se cuidando, dando o exemplo de ficar em casa. Todos estão ajudando e se cuidando.

<b>O West Ham havia feito uma campanha consistente no último Campeonato Inglês (10.º colocado), mas nesta temporada luta contra o rebaixamento. O que deu errado?</b>
Não esperávamos uma situação dessas. Temos qualidade, começamos bem, tudo estava dentro do planejado, mas começamos a cair na classificação e não conseguimos sair disso. Tivemos muitas lesões e isso atrapalhou. Nos recompomos e começamos a buscar a reação. É complicado, porque a confiança começa a desaparecer, mas temos jogadores experientes que nos dizem que podemos melhorar e fazer muitos mais. A gente acredita que pode sair dessa situação se o campeonato voltar.

<b>Você caiu de rendimento nesta temporada, após brilhar em seu primeiro ano pelo West Ham. Consegue explicar as razões para isso?</b>
A primeira temporada, quando você se adapta ao estilo do time, é mais fácil. Na segunda, começam a te conhecer mais. Faltou um pouco de criatividade. Meu começo foi bom, mas depois fiquei um pouco bloqueado. Foi um erro não ter mudado meu estilo. O importante é aprender. Comecei a me sentir melhor antes da parada, as coisas começaram a fluir e eu comecei a crescer. A próxima temporada vai ser incrível.

<b>Você faz parte de um grupo de jogadores brasileiros que tem brilhado na Inglaterra, com referências como Willian, Alisson e Firmino. O quanto isso o ajudou na sua adaptação?</b>
A maioria dos brasileiros teve sucesso aqui. Isso ajuda porque é preciso ter confiança quando você chega a um clube. Eu senti isso, que me deram muita confiança. Foi muito bom ver vários brasileiros chegando aqui. Também aprendi bastante quando cheguei, me avisaram que o jogo era muito corrido, com muita pegada, a temporada inteira. Isso fez eu me cuidar mais para aguentar o ritmo.

<b>Um dos momentos mais marcantes da sua carreira foi a conquista da medalha de ouro nos Jogos do Rio-2016. Hoje, seu time joga no Estádio Olímpico de Londres. Como vê essa coincidência?</b>
Você entra no estádio e tem muita coisa falando da Olimpíada, e aí vem a lembrança do quão importante é. Ver que participei, e em uma conquista inédita, torna mais especial jogar em um estádio que foi feito para a Olimpíada.

<b>O West Ham vem tendo desempenho abaixo do esperado como mandante (perdeu 7 de 14 jogos em casa no Inglês). O que acontece?</b>
É incrível. A gente pensa o quanto perdemos em casa, tendo uma torcida incrível. A gente sabe que tem de ter uma base forte de vitórias em casa. Vamos trabalhar nisso. Em casa é primordial vencer.

<b>Você tinha uma amizade grande com Neymar nos tempos do Santos. Ainda mantém contato?</b>
Fomos embora no mesmo período, mas mantivemos uma relação virtual por estarmos sempre em países diferentes. É um cara que amo, fantástico, sempre me ajudou bastante. Além de amigo, é um cara especial para todo mundo.

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