A queda das bolsas internacionais e o recuo de 1,11% em Dalian, na China, a US$ 122,97 a tonelada, em Dalian, na China, pesam no Ibovespa nesta quarta-feira, antes do feriado de Corpus Christi na quinta-feira, 30. Além disso, a cautela em véspera de feriado no Brasil, preocupações ficais renovadas e alguns indicadores locais elevam a cautela por aqui.
Após abrir na faixa dos 123 mil pontos, o Índice Bovespa perdeu mais cedo a região de suporte em 123.300 pontos, o que eleva a possibilidade de novas perdas.
"O Ibovespa está anêmico há alguns dias, à espera de dados melhores, de mais confluência política", avalia Felipe Moura, analista da Finacap.
Segundo Moura, há um "cardápio" de fatores que explicam a deterioração do Índice Bovespa, que ontem fechou em baixa de 0,58%, aos 123.779,54 pontos, a pior marca de fechamento de 2024.
"O fiscal do Brasil segue preocupante, tem a dúvida quanto aos juros dos Estados Unidos e a própria decisão do Copom ainda reverbera", completa o analista da Finacap. Em maio, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu o ritmo de queda da Selic de 0,50 ponto para 0,25 ponto porcentual, com o placar da votação dividido.
Até mesmo o petróleo abandonou a alta, contaminando os mercados, em meio ao temor de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) demore mais a cortar os juros jogaria contra. Essa percepção tem sido reforçada por dirigentes do Fed, que voltam a falar hoje.
Além disso, fica no foco o Livro Bege americano, que sairá à tarde e poderá ajudar a calibrar as apostas para os juros dos EUA.
"Ainda pesa a pressão sobre os juros. O mercado está mais cético quanto a uma queda dos juros americanos no curto prazo. Isso gera um pouco de aversão a risco, gerando ainda mais expectativa pela divulgação do PCE índice de gastos com consumo, na sexta nos EUA", avalia Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria.
Nos EUA, os juros dos Treasuries longos avançam e pressionam a curva no Brasil, o que contamina principalmente ações ligadas ao ciclo econômico e de grandes bancos na B3.
"Ambiente global é reforçado aqui por cautela antes do feriado", diz o economista-chefe do BV, Roberto Padovani, em comentário matinal. As bolsas da Ásia fecharam em queda e as da Europa caem, assim como em Nova York, enquanto os juros de 10 anos avançam para 4,601%. "Portanto, uma manhã de aversão a risco", diz Padovani.
Internamente, a gama de indicadores divulgada nesta manhã também não alivia, pois reforça o debate de fim de queda da Selic, a começar pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M). O indicador acelerou a 0,89% em maio, ante 0,31% em abril, ficando acima da mediana de 0,82% das projeções, cujo intervalo ia de 0,34% a 1,03%.
"O IGP-M registrou um avanço ligeiramente maior do que esperado, repercutindo altas do minério e combustíveis, após um IPCA-15 ligeiramente benigno, mas insuficiente para trazer um maior alívio no mercado de juros", avalia em relatório a Guide Investimentos.
Para o economista da Tendências, a taxa de desemprego informada hoje pelo IBGE gera ainda mais prudência para o Banco Central
Ainda hoje foi divulgado o Caged de abril, com geração de 240.033 postos de trabalho formal em abril, encostado no teto de 240 mil vagas das projeções. Assim como a Pnad Contínua no trimestre até abril informada mais cedo, o indicador tende a colocar mais pressão para que a taxa Selic pare de cair.
Já a taxa de desemprego do trimestre até abril ficou em 7,5%, vindo pouco abaixo do piso de 7,6% das expectativas, enquanto o superávit de R$ 6,688 bilhões do setor público no mês passado, abaixo do piso das estimativas, que iam de R$ 12,40 bilhões a R$ 37,20 bilhões, com mediana de R$ 16,550 bilhões.
Às 11h19, o Ibovespa caía 0,72%, aos 122.882,31 pontos, ante recuo de 1,07%, na mínima aos 122.457,54 pontos, voltando para mínimas da metade de novembro de 2024.
Entre os grandes bancos, o recuo máximo alcançava 2,20%. Vale perdia 0,56% e Petrobrás recuava entre 0,37% (PN) e -0,15% (ON). Yduqs puxava o grupo das maiores quedas, ao ceder quase 3,00%.