Rendas, transparência e estampas de oncinha. A coleção da estilista Lethicia Bronstein para a Riachuelo é pop, é óbvia e é certeira. Ela abriu o quinto dia de desfiles da São Paulo Fashion Week e, imediatamente, foi colocada à venda em parte das 112 lojas da rede.
São 78 peças, nenhuma delas ultrapassa o valor de R$ 300. A ação de marketing, inédita no Brasil, eliminou totalmente o tempo de espera entre a passarela e a vitrine – no prêt-à-porter mundial, as coleções apresentadas levam seis meses para chegar às lojas. “O propósito é democratizar a moda não apenas fazendo com que ela caiba no bolso, mas também dando acesso instantâneo a ela”, diz Flávio Rocha, CEO da Riachuelo. “O desejo tem que ser satisfeito rapidamente, se você espera muito, ele muda.”
Na plateia do desfile, estavam as principais blogueiras de moda do País, já vestidas com as roupas da coleção, fotografando e divulgando cada peça em suas redes sociais. Hoje, é tudo muito rápido. O look acaba de ser desfilado e em questão de segundos já pode ser visto por milhões de pessoas, principalmente no Instagram. Na lógica do fast fashion, ver, desejar e comprar é uma questão de impulso. E as grandes marcas estão de olho nisso.
Na Itália, a Moschino faz uma ação parecida como a da Riachuelo para promover seus lançamentos. Desde que assumiu a direção criativa da grife, Jeremy Scott coloca à venda parte da coleção não depois, mas, veja bem, durante o desfile.
Por aqui, o e-commerce Farfetch prepara uma seleção de peças recém-desfiladas na SPFW pelas marcas GIG Couture, Giuliana Romanno e Reinaldo Lourenço para ser comercializada a partir de segunda-feira. Essas coleções foram produzidas para o inverno de 2016. Portanto, iniciativas assim prometem antecipar a moda em uma estação.
Pensando lá na frente, o estilista Oskar Metsavaht imaginou uma coleção inteira em homenagem ao espírito olímpico, ao “golden moment”. “O Rio de Janeiro vai vibrar no mundo todo no ano que vem e eu queria fazer roupa para esse momento de glória”, diz ele, que apostou em uma modelagem ampla (algumas peças lembram quimonos) e minimalista, bem anos 1990, usando veludo molhado, moletom e seda nas cores do símbolo olímpico, mas em tons queimados e invernais.
A mesma cartela de cores primárias marca a coleção da estilista Juliana Jabour. Mas ali a história é outra, mais vibrante e com referências ao que se usava na década de 80.
A apresentadora Fernanda Lima abriu o desfile e causou com uma jaqueta de couro toda de franja, super rocknroll, com certeza, a melhor peça da coleção – às interessadas, as franjas ganharam mais um tempinho de vida, não estão mais em looks folk e, sim, em peças artesanais (feitas de barbantes e cordas) e vestidos de festa (canutilhos).
Para Gloria Coelho, o inverno vem da Escandinávia e lembra gente chique com casacos de lã e roupas de couro. Lembra também antigas tribos inglesas. Chamaram atenção as golas de pelo. “Só usei peles de coelho e carneiro, animais que comemos”, conta Gloria.
Duas coleções do dia se destacaram pelo trabalho artesanal, mas em caminhos opostos. Especializada em tricôs, a Lolitta apresentou uma coleção preta, prata e dourada. A inspiração em Joana dArc e a temática medieval se desdobraram em malhas metálicas feitas com fios importados do Japão. “Toda a coleção foi feita artesanalmente por apenas seis pessoas”, conta Lolita Hannud, estilista da marca, cujas criações custam a partir de R$ 1 mil.
Fernanda Yamamoto contou com uma ajuda maior: 77 artesãs da Paraíba desenvolveram uma releitura da renda renascença. Tranças de couro e feltro completam a proposta bem brasileira da estilista, que emocionou ao levar para a passarela, além de modelos, mulheres reais, clientes e as rendeiras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.