Estadão

Fernanda Montenegro toma posse como imortal na cadeira 17 da ABL

A atriz Fernanda Montenegro tomou posse na Academia Brasileira de Letras (ABL) nesta sexta-feira, 25. Primeira mulher a ocupar a cadeira 17, a veterana foi eleita com 32 votos para integrar o grupo de imortais no dia 4 de novembro de 2021. A cerimônia aconteceu no Petit Trianon, Rio de Janeiro.

Considerada uma das "damas do teatro nacional", a artista sucede o diplomata Affonso Arinos de Melo Franco (1930-2020). "William Shakespeare deixou eternizado esse conceito estrutural da afirmação de uma arte. O mundo é um palco e todos nós, seres humanos, somos atores nesse palco. Agradeço muito ao meu coração e minha razão por estar sendo aceita nesta casa, protagonista, referenciada, da nossa mais alta cultura, que é a Academia Brasileira de Letras", disse em seu discurso de posse.

"Emocionada, tomo posse da cadeira número 17. Sou atriz, venho desta mística arte arcaica que é o teatro. Sou a primeira representante da cena brasileira a ser recebida nesta casa. Esse meu ofício expressa uma estranheza compreensão. A raiz dessa arte está na complexidade de só existir através do corpo e da alma de ator ou de uma atriz ao trazer a literatura dramática para a verticalidade cênica", completou.

No evento, Fernanda confirmou o desejo de repaginar o teatro da casa; revelou a vontade de encenar Simone de Beauvoir (1908-1986); e saudou Nélida Piñon, secretária-geral da atual gestão da ABL. Filha da artista, a também atriz Fernanda Torres fez uma homenagem para a mãe. A veterana ficou emocionada. O igualmente imortal, o cantor Gilberto Gil, também marcou presença.

Fernanda Montenegro nasceu em 16 de outubro de 1929 no Rio de Janeiro. Iniciou na carreira em 1950 nos palcos ao lado do marido Fernando TOrres. Até hoje a única brasileira já indicada ao Oscar de Melhor Atriz pela atuação em Central do Brasil (1998), de Walter Salles.

Entre os diversos prêmios nacionais e internacionais, ela ganhou o Emmy Internacional na categoria de melhor atriz pela atuação na série Doce de Mãe, da TV Globo, de 2013.

A global foi condecorada, em 1999, pelo então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, com a maior comenda civil do país, a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito. Além dos cinco prêmios Molière, ela ganhou em 1998 o Urso de Prata no Festival de Berlim, pela interpretação em Central do Brasil.

Na área da literatura, a atriz publicou, em 2018, o livro Fernanda Montenegro: Itinerário Fotobiográfico e, no ano seguinte, lançou o livro Prólogo, Ato, Epílogo, pela Companhia das Letras, escrito em parceria com Marta Góes.

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