Estadão

Ferroviários iniciam a maior greve em 30 anos no Reino Unido

Os ferroviários do Reino Unido iniciaram nesta terça-feira, 21, uma greve de três dias, a mais longa em 30 anos, para defender empregos e salários diante da inflação fora de controle. Mas o impacto da paralisação foi reduzido em razão da nova capacidade de muitos britânicos trabalharem de casa.

A greve ocorre após o primeiro-ministro, Boris Johnson, sobreviver a um voto de desconfiança. Ele teve queda de popularidade e está sob pressão desde a divulgação do escândalo "Partygate", quando festas foram realizadas na sede do governo durante o período de confinamento da pandemia.

Ontem, metade das linhas ferroviárias não funcionou. Em outras, um trem em cada cinco operava. Em vez da multidão habitual da hora do rush, apenas alguns passageiros perambulavam pela estação King s Cross, de Londres, procurando nos quadros de avisos os poucos trens disponíveis. A maioria disse que simpatizava com a greve.

O premiê disse que a greve prejudicaria as empresas que ainda se recuperam da covid-19. Para os sindicatos, o movimento marca o início de um "verão de descontentamento" – professores, médicos, garis e até advogados analisam ações semelhantes.

<b>Críticas</b>

A TfL, operadora de transportes públicos de Londres, aconselhou as pessoas a trabalharem de casa ou utilizarem transportes alternativos, como bicicleta, carro ou ônibus. O ministro dos Transportes, Grant Shapps, criticou a paralisação. "Não tem relação com salário ou corte de emprego. Existe uma proposta sobre a mesa e as demissões são, na maioria, voluntárias. A greve é desnecessária", disse.

O movimento, porém, já é a maior disputa setorial desde 1989, época das grandes privatizações das ferrovias. Além dos salários, os sindicatos denunciam a deterioração das condições de trabalho e os "milhares de demissões" previstas pelas muitas empresas privadas que agora compõem o setor.

A greve piorou as condições dos aeroportos, com longas filas e cancelamentos de voos, já que o setor aéreo não consegue contratar funcionários suficientes em meio à crescente demanda após o fim das restrições sanitárias.

A greve também ameaça grandes eventos esportivos e culturais, incluindo o festival de música de Glastonbury, um show dos Rolling Stones em Londres e os exames finais do ensino médio.

Johnson disse a seu gabinete que as greves eram um "erro". Segundo ele, os sindicatos estão dando um tiro no pé, já que o setor ferroviário, que recebeu US$ 20 bilhões em ajuda durante a pandemia, pode sofrer um declínio de longo prazo no número de passageiros em razão do teletrabalho.

O problema de Johnson, que luta contra uma alta histórica da inflação, é a greve se espalhar para outros setores, como educação, saúde e correios. Se a sensação de caos se disseminar, seu governo pode se enfraquecer ainda mais nas próximas semanas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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