Primeiro foi a decepção de não haver nenhum filme brasileiro nem latino na competição de Cannes. Depois começaram a surgir os representantes latinos nas seções paralelas. E os curtas brasileiros – Cannes está virando para o Brasil uma competição de curtas. Nessa quinta-feira, 23, o festival anunciou o primeiro latino da competição – Chronic, do mexicano Michel Franco, com Tim Roth. O filme falado em inglês aborda um tema polêmico, a eutanásia. Roth faz enfermeiro que ajuda pacientes terminais que querem morrer.
O festival também anunciou, nas sessões da meia-noite, uma produção do Brasil. A RT Features, empresa de Rodrigo Teixeira que opera com parcerias no mercado internacional, conseguiu emplacar o novo filme do argentino/francês Gaspar Noë. Ao jornal O Estado de S.Paulo, Teixeira chegou a declarar, há alguns meses, meio sério, meio de brincadeira, que Noë fazia seu filme em condições tão secretas em Paris que nem ele – o produtor – havia visitado o set, e a rodagem já estava quase terminando.
Gaspar, de 51 anos, tem feito filmes polêmicos, quase sempre abordando temas como sexo e vingança. Em 2002, ele provocou escândalo com Irréversible, com a cena que as feministas amam odiar. Além de ser narrado de trás para frente – como Memento, de Christopher Nolan -, o filme tem um longo plano-sequência durante o qual Monica Bellucci é estuprada no túnel deserto que serve de passagem entre os dois lados de uma avenida. Depois disso, Noë voltou a Cannes em 2009 com Enter the Void, e regressa agora com Love.
O novo filme existe entre o bem e o mal. É uma necessidade genética, um estado de consciência alterado, um distúrbio mental – e um jogo de poder. É esperma, fluidos e lágrimas. Com essa sinopse, o filme centrado num triângulo promete manter a tradição de Noë de produzir escândalos em Cannes. Além do filme do mexicano – Michel Franco já venceu a seção Un Certain Regard com Depois de Lúcia, em 2012 -, o festival integrou ontem mais um concorrente francês à competição. É La Vallée de lAmour, de Guillaume Nicloux, com Gérard Depardieu e Isabelle Huppert. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.